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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

CÁ ESTOU.


                                                                          
Depois de um certo inverno, acabei por me render aos trovões e chuvas internas. Decidi não me preocupar com que escrevo- no sentido de dispensar o que poderiam supor com a minha escrita algumas pessoas-.
Tantas coisas aconteceram nesse meu hiato. Tantos amigos se foram, tantos outros amores fracassaram, tantos apelaram por sobreviver e alguns alteraram suas rotas por diversão.
Tive dias difíceis, mas neles labuto, arduamente, travando uma competição comigo mesma e acabo vencendo o cansaço que a alma me obriga e  encontro assoalhos sobre a minha cabeça.
Não sei, ao certo, de que tecitura é feita a vida, vivo vivendo e me deixando viver. Nunca fui temerosa e não acredito em perdas, nunca, mas se alguém que joga comigo tira seu time de campo, não vejo sentido em manter o estádio aberto. Fecho tudo, vestiário, salas de exercícios, local para entrevista, banheiros. Fecho tudo e aguardo meu renascimento, mesmo que seja ele a fórceps. Fecho e pronto.
Fiquei assim comigo, inventei uma personagem pra lidar com o mundo externo e escrevi coisinhas em papel pautado, com lápis de ponta azul e dúvidas pessoais.
Fiz a descoberta dos meus afetos- afeto é mais leve- desfiz a escolha de meus amores, desmontei o armário de minhas divagações e tornei-me tão árida que quebrei a personagem com saudades de mim.
Cá estou. De volta. Nem inteira, nem pela metade..eu, apenas, com novas narrativas, novos livros na cabeceira, sonhos amontoados no travesseiro, músicas cantadas com mais intenção e buscas, muitas buscas e malas arrumadas pra mais uma aventura.
Estou voltando pra mim, mas com uma certa agitação que me mostra diferente, talvez. Com mais determinação, talvez, com menos ansiedade- acho-.
Durante esse tempo produzi um espetáculo de um amigo  e descobri quão virtual e imaginativa são, às vezes, nossas experiências. Descobri que sou  filha da romântica telenovela brasileira, pois fui criada assistindo a esses folhetins em que no final tudo dá certo. Tolice, pura tolice.
O texto do espetáculo é fantástico, a história é  mais fantástica ainda. Porém o que mais estimula meu cérebro são as várias possibilidades que existe atrás de um texto. Os múltiplos questionamentos que podemos fazer dentro e fora do tema. Amo a arte. Amo a arte pelo simples fato dela poder ativar em mim outras coisas, outros pensamentos e as sinceras possibilidades de unir pessoas no seu entorno.
Eu queria poder, sem ser piegas, falar sobre o que realmente quero, mas há uma coisa que trava a minha capacidade e deve ter sido isso que me deixou sem a dedicação que devemos ter ao escrever. Percebo o quanto estou perturbada. Que loucura!! Será que fabulei um "eu" que não domino? Será que depois de tanto tempo me coloquei travas? Isso não combina comigo. Definitivamente, não.Se uma desilusão nos leva ao cemitério, sejamos, então os próprios coveiros e levemos pra a cova esses seres que deverão estar encaixotados e que devem ser sepultados para sempre. Não há lugar para essa dor. Essa dor das ilusões não pode ter mais data por aqui. Isso é resquício de paixão de 2° classe. -estou tentando me convencer disso-.
Não acho que a vida tenha como seu contrário a morte. A única coisa que pode ser vista como tão grandiosa é o amor. Esse sentimento ao qual inventamos nomes para fugir do que nos ensinaram que vinha carregado com ele. Amor não é da ordem do "para sempre" e nem tem que causar no outro uma eterna responsabilidade... isso é adolescente demais.
Eu não tenho medo, nunca tive medo de falar de amor, ou do amor, ou de amar. Percebo que as pessoas estão com receio de falar disso. Temo que elas nem mesmo sejam capazes de saber o que é isso e acabam achando que só seja amor aquilo que causa barulho, que nos promove a capacidade de cometer loucuras ou que causa polemica, ou nos confunde. Não é isso, ou não é só isso, ou não seria tudo isso. Amor é aquela mansuetude de quando estamos sós, é quando, mesmo depois de tudo, secretamente encaixotado, o que fica são os momentos de olhares cheios de promessas- esse olhar é visto, nunca sabido por quem está prometendo-. O amor não pega carona com nada a não ser com ele mesmo. Não dissolve, não esfria, não deixa de ser, mesmo quando não é mais.
Descobri que não era amor quando não mais acordava com o outro em meu pensamento, descobri no momento em que a troca não existia. Descobri no instante em que me fez chorar. Descobri quando não mais me cobria. Descobri quando faltou o que é essencial...sensibilidade. Descobri - graças ao Deus que me governa- quando não era tarde. Descobri que não era , mas que ainda assim...arde.




















































quarta-feira, 23 de outubro de 2013

AUSÊNCIA



Agora sou nada
Nem atrevida
Nem bizarra
Sou um anuncio no
Jornal da praça
"Procurada"- como caça-.
Agora ainda espero tudo.
Depois do gozo
A luz nos leva ao escuro
Amantes dormem juntos - em sonho-
E acenam pro instante presente
Sabem , em silêncio,
Que não há futuro...
E que o próximo encontro
Poderá ter um ausente.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

PELO AVESSO

                                                                   

                                                                     
Quando entre nós havia 
Apenas o que trocávamos
Quando o futuro era o agora
Quando o passado ficava na memória
A vida nos saltava aos olhos
E falar nos era permitido
Mas... inventamos o presente
Para nos aprisionar distantes
Pegamos o trem para lugar nenhum
E mergulhamos no oceano 
De esquecimento
Patrocinado pelo medo
Pela confusão
Pelo silêncio
-rompido por mim-
Pela sordidez que nosso racional libera
E eu embarco no navio
Atracado em pedras
Que desequilibram minha viagem
Nem rio
Nem mar 
Em minha paisagem
Apenas essa tremulação de respiração
Que faz saltar a minha jugular
Desativa minha aorta
Me incendeie 
Depois de morta
E nas minhas retinas perpetua um fiapo de luz
Pra brindar o desencontro
Embriagada o desejo ainda 
Me afronta
E me joga na cara
Um arco íris de saudades profundas
Enquanto, em vão, 
Procuro não me asfixiar
Nesse cheiro seu
Que sacode as cortinas da casa
Enquanto me viro pelo avesso.


Das Preta

ACÚSTICO

                                                                 
Não há palavra
Não há palavra em mim
Não há palavra saída de mim
Não há sentido no papel
Nada se move
Tudo inerte fora
Tudo estagnado dentro
O tempo pela metade
O inteiro sem tempo
Não durou
Demora pra passar
Não lamento
Também não entendo
Soltas as palavras buscam verso
Rima não há
Métrica alguma 
Muito menos mote
O que é para sempre? 
Na vida tudo está por um triz
Tudo acaba
O bom e o ruim
A tristeza e a euforia
A beleza, a mocidade...tudo acaba
Só o que ficam são as histórias
que viram poema
que se transformam em prosa
que se concretizam
que são marginais
que tornam grafites,
que perpetuam tatuagens
que se ficam eternas...
Ficam elas...as palavras
Mesmo que por hora me escapem
Existem
Cada uma delas
No meu buscar ou 
no véu que adormece a noite
A mesma noite em que 
Palavra não há.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

ENTÃO...

                                                     
                                                               
Ele ressurgiu em minha vida ontem, mas talvez nunca tivesse saído de mim. Eu é que ingenuamente me imaginei feliz e esqueci dele.
Ele ressurgiu no meu delírio de pecado. Pecado por ter pecado e perdão por ter pecado. Conversei com Deus ontem, no escuro de meu quarto pra que ele não visse meu rosto tão exposto, tão desconsolado. Não pedi a Nossa Senhora que intercedesse por mim e decidi, eu mesma, ter  minha conversa com ele e fui... desfiando um rosário de perguntas que as respostas, todas, já me fazem pertencimento.
Dias desses viajei, mas não fui sozinha. Levei comigo a ousadia, a delicadeza fora da mala,  mas junto disso tinha a sacanagem e a esperteza de quem te tira, num ínfimo, o que pode, acreditando que você não percebe e nem vê. Sei que quando permitimos ao outro fazer parte de nossa estrada estamos também considerando que em algum momento pode haver desistência, mas a esperteza é desistir depois de se tirar o que se quer, de não pensar que as contradições ressoam e que reverberam no dia seguinte.
Já mudei de pele tantas vezes que sei exatamente qual caminho tomar, sei que não tem sentido arrastar correntes por fantasmas criados ou idealizados por nós  e tenho o conforto de transitar dentro de mim com a certeza de que não fui leviana com o outro, que mantive meu caráter no ponto, que presenteio sem esperar nada em troca, pois se é troca é de graça e, sendo assim, tem graça e leveza, palavras que podem, como todas as outras, ganhar interpretações de outras maneiras, mas pra mim são o que são.
Conversando com Deus ele me revelou coisas que não saberia explicitar. Jogou-me na cara meus repetidos erros, tristezas pessoais, fracassos amorosos, incertezas de toda ordem, mas eu na minha convulsão desprendida disse que me entrego apaixonadamente a tudo de novo, fico novamente menina/mulher/amiga/amante. Deus me fitou com os olhos mais calmos do mundo, puxou minha cabeça, encostou no seu ombro e soprou em meus ouvidos..." sabe aquela música que você gosta? o amor é igual a ela... um dia para de tocar." Disse e ficou olhando pra mim com aqueles olhos de sol a me trazer esperança. Disse e saiu voando pela janela do meu quarto enquanto eu, cá dentro de mim, lembrava da canção primeira, do olhar primeiro, do beijo primeiro e vi , que na verdade, nem lembrava mais. Não se pode manter um "encontro", seja como for, no oportunismo, na unilateralidade, na viração. Não se pode seduzir todo o tempo, dizer que te amo pra iludir, falar sem se comprometer, meter, meter, meter e não sentir. Não dá.
Hoje não vejo outra palavra para o que vivi, senão criancice, mas sei que não estou sozinha, que também não sou dona do nariz, que trabalho arduamente pra ter o que tenho, que divido o que posso, com quem posso e quando quero e não vejo o outro como um produto em promoção, logo, espero que não me vejam em uma prateleira sendo liquidada por  já não ter vinte e poucos anos. Tolice pensar que mulheres da minha idade agem por impulso... Mulheres da minha idade agem por paixão, por tesão, por vontade, agem de vontade porque podem pagar a conta , não aquela cobrada nos motéis ou bares ou entradas de festa, não...pagam a conta da vida, da decisão, da perda de tempo, da saudade que fica, pagam a conta da razão que se perdeu. Mulheres da minha idade sabem que o tempo é algo que não espera, então vivem, vivem sem medos, mesmo sabendo que o outro rouba suas energias, pois são sapos encantados, mesmo sabendo que assim eles foram educados...elas beijam, trepam, dispersam, choram um pouco e depois...depois se perfumam, usam salto, vestem  bela lingeri e constroem uma outra festa, um outro rock, uma outra folia, pois são livres!! Livres são as pessoas que não constroem suas vidas sob o alicerce alheio, são aquelas que entram e saem sem ter que pedir desculpas, livres são as que não fingem para se dar bem, livres são as que se sabem tapete voador, respeitam seus contos e não atropelam ninguém em nome de suas frustações.
Estou mais leve, mais eu, mais amavél, mais de volta, mais doida e mais bailarina nessa dança chamada vida.
Não há outra maneira de ser inteira que não seja abrir mão daquilo que não existe. Preciso resgatar toda a minha virtude distante e mais uma vez perdoar o destino por não ter acontecido dessa vez...

PS: Deus me sopra de novo nos ouvidos..." acredite, a música já parou de tocar. Sintonize em outra estação.

Lá vou eu!!!!

domingo, 6 de outubro de 2013

"SOLIDÃO É UMA ILHA COM SAUDADE DE BARCO"

                                               

Pergunto-me incessantemente a mesma coisa...
Resposta não há para esse espiral em que me vejo
Carrego o leve peso de meus atropelos
Enquanto a existência trafega torpe pela casa
De longe, observo a inutilidade de meus pensamentos
E envio pra mim mesma mensagens de desistências
- que não combinam comigo-
Estou cansada
Há um cansaço de séculos em meu respirar
Minha bagagem de vestígios sentimentais ruminam 
Sinto-me velha e teimosa
Frágil e perdida
Desconfiada e fingida
Mulher com infernais vendavais que ardem
Quem é esse ser que me apunhala os olhos?
Que desfaz minhas mandalas e que contorce meu crânio
De maneira tal que meu grito fica oco
Que não revido o soco
Que esquarteja minha alma
Como se faz com um gado depois de morto?
Atravesso um deserto imenso e
Nunca chega o oásis...
Uma voz me sopra- Oásis é dentro da gente-
Não encontro o dentro de mim
Meu eu ficou desativado- por hora-
Me quero de volta
Tenho direito a esse pertencimento
Meu sossego foi atravessado pela angústia
Viver arde
Viver dói
Saudade...
Esse "ainda" que está atravancando meu caminho
Esse caminho que me leva de volta
A lugar algum
Essa solidão das sete....das treze
Esse nunca mais
Só queria não ter pressa
Não ser presa, no sentido de animal predado
Não ser festa oferecida 
Ou bebida que encoraja
Queria a simplicidade do riso
O carinho gratuito
Queria a não monogamia imposta
Queria a utopia do "dar certo"
Queria o querer do outro
Ser o outro
Voltar pra mim e...
Ser EU
De novo.



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

EM PAZ!

                                                 

                                                                                       

Poderia começar essa postagem de várias formas. Poderia nem começar,pois o que, de fato, quero escrever não farei.
Começo então agradecendo a quem me deu a oportunidade de fazer parte desse mundo, a quem me iluminou e ilumina e a quem me projetou como ser de esperança, pois sem minha mãe eu nada seria.
Hoje é dia de deletar coisas ruins. Faço uma limpeza interna na data do meu aniversário...retiro traças, limpo a poeira dos olhos e espano da alma a ilusão, mas a danada deixa vestígios que me seguem por todo o ano.
Ainda não aprendi a me desprender de tudo- humana que sou- , mas ontem e na madrugada de hoje me deu uma nostalgia de velhos amigos que não vejo mais, de antigos amores que já não beijo, de recentes e passageiras ilusões que me permito. Bateu doida e grande uma saudade dos que já foram....Lembrei de todos e mergulhei em lágrimas, talvez até pra disfarçar a real causa delas.
Estou envelhecendo e isso pra mim é uma dádiva, um presente, um ponto a mais na minha passagem terráquea. Estou envelhecendo e não vejo problema algum. Não passo por crise alguma. Não tive crise dos 30, dos 40 e,certamente não terei dos 50. Envelheço no tempo, mas sinto-me com 20 anos. Não com as inconsequências que a idade permitia, mas com a vivacidade e vontade que ela me dá.
Ontem um amigo me perguntou o que eu faria de novo se tivesse a chance de repetir minha vida e o que eu não faria... Falaria menos- acho-, mas não seria eu. Faria tudo de novo, mas gostaria de não ter dado um único beijo. Só de um me arrependo, só de um olhar me furtaria, só de um... Respondi e fiquei pensando que nada nos vem porcamente na vida. Para tudo tem que haver um objetivo, uma causa um...sei lá... "insinamento".
Pensei e penso que tenho as coisas mais preciosas do mundo e que o resto tem que ser conquistado por merecimento e, talvez, eu não mereça um amor desses de cinema, ou um pacto de eternidade. Não preciso de cara metade, pois sou inteira e não gosto de ser "merendinha" tenho fome e sede aos montes, logo não me satisfaço com petit pois, entende?
Estou meio desconexa....ressaca é terrível..., mas fica a postagem pra duas coisas. Para agradecer a todos que me felicitaram, e agradecer a cada um que ontem esteve comigo e ao Tempo que me permite estar aqui mais uma vez para agradecer.
Que São Francisco de Assis ilumine nossas vidas!
Que Oxum e Oxóssi reinem em meu caminho e que a vida me apresente pessoas que saibam entrar e sair da minha com a mesma leveza, para que eu não me sinta sozinha e transite em paz.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

DESFECHO

Escrevi uma postagem hoje por volta das 11:00h da manhã. Estava tendo mais umas daquela s pre/ visões que me incomodam e antes de dar por fim aquilo que ainda arde em mim, postei quase que um pedido e o chamei de epílogo enquanto aguardava o desfecho que chegou por volta das 14:00h. Não sei descrever o que estou sentindo. Talvez, lá no fundo, eu já tivesse tanta certeza dessa repetição de situação que ela não me fez sofrer mais do que o próprio do momento pede. Já escrevi diversas vezes o quanto tenho preguiça de sofrer e o quanto preciso do encontro com alguém que, de fato, o queira.
Bem, vamos ao desfecho dessa inusitada performance, ou desse tênue encontro.
Assustou-me ver que você tomou coragem e levantou a mão para mim. Hoje, depois de muitos ensaios, eu sei.,encheu-se de coragem e com o braço erguido e a mão espalmada, cumpriu o gesto até o final. Foi um gesto tão abrupto e rápido que me deixou de quatro, caída no meio da sala, como quem perde tudo e se descobre um quase nada que tudo quase é.
Talvez eu tivesse ensaiado antes o ato, mas por covardia não o limpei, não o dimensionei até a cena final.
Marquei outro ensaio, tentei novo texto. Freei para saber se era o que queria, se era esse o cenário que cabia... mesmo sabendo que no dentro do outro já acontecia.
A mão erguida em um silêncio incomum, ardia em meu rosto e, embora a distância nos fosse certa, eu podia sentir a velocidade do soco que desenhara de longe o movimento que iria fazer. Tão previsível...
A crueldade do tempo foi  ter levado todos os nossos escritos. Perdi meu alimento tão diário e tão seu.
Duas vezes os perdi.
Uma vez os levaram.
Duas vezes me roubaram a calma.
Uma vez eu o traí em mim.
Você levantou a mão no minuto exato em que a minha mão esquerda defendia meu peito, enquanto a direita secava meus olhos.
Seu gesto último foi o de acenar pra mim aquilo que sacrifica a esperança dos amantes. Seu gesto foi, num último golpe, sangrar os olhos meus.
O que me resta senão devolver o gesto e a palavra, estender meus braços e retribuir, desarticulosamente, o "adeus"?!

Da série Senhorita.




EPÍLOGO

São muitas as coisas que quero postar. Não como uma espécie de diário de bordo ou uma escrita confessional, embora seja. O tempo, esse ser tão bonito, que nos direciona ao futuro e finca nossos pés no passado, tem o hábito de nos fazer perder na memória alguns instantes. Vivi dias de tanta sintonia no último fim de semana -que não foi esse último, mas o anterior- que preferi ficar com ele guardado. Porém, ontem, bateu-me uma vontade de falar sobre um instante que tive, tivemos, trocamos, enfim.
Na cama, você deitado e eu sentada, lia meus rabiscos para você. Você, todo repleto de questionamentos incabíveis ao momento que deveria ser de leveza, mas acho que dizer/ler o que queria fez-me entender um pouco mais do que ousamos ser. Abrir a porta pra que você entrasse foi o mesmo que abrir minha alma e ter meu corpo nu pra emprestar a você enquanto, na mesma nota, me entregava o seu. Naqueles instantes que tivemos, íntimos como cabe ao Deus que nos habita ,sem deformação, senti calado, lá dentro de meu mais sagrado, o tempo mais uma vez se esvaindo de mim...
Guardo cada instante da folia, da calma, do sonho dentro do sono e do sexo sem hora marcada. Guardo em mim e deixo vestígios por aqui desse tempo- que não passou- que está por aí na beira do rio ou no alto da pedra esperando um resgate pra depois do rock que se transferiu pra a terra do nunca e eu, Sininho, pude libertar por uns instantes seu Peter Pan.
Das noites que tivemos, dos amores que fizemos e do malte que brindamos fica o melhor de nós.
E se por acaso, esse mesmo tempo nos levar a perder a palvra, talvez por que um dos dois não mais queira, consiga ou possa, não permitamos que nossos olhres não mais se eternizem, nem que nosso colo não seja acalanto para o outro, deixa a vida olhar pra gente com o mesmo olhar de esperança, com a mesma certeza de que não estamos cumprindo um papel vil pra sociedade. Deixa apenas a gente ser o que estamos sendo. Cada um , um e os dois... nós, de quando em vez vivido a sós.
Se não for pedir muito...se o tempo, esse senhor que nos faz atravessar impossibilidades, nos passar uma rasteira e não nos conduzir mais ao reencontro, prometamos um ao outro que quando nos encontrarmos novamente, faremos aquele nosso silêncio absoluto e não precisaremos de nenhuma palavra, nenhuma, pra sabermos que no mar de meus olhos e no rio que lentamente corre nos teus, estarão a certeza de que no abraço que trocaremos, nossos corações juntos serão iguais como da última vez.
Que seja leve como o quarto 206.

Da série Senhorita.






quarta-feira, 25 de setembro de 2013

DAS COISAS QUE EU SEI

                                                               

Não, não cometi loucura
Loucura seria não me respeitar
Não, não aprisionei um sonho
Estupidez seria cochilar
Não, não me livrei do instante
Não decapitei mãos em estado de carinho
Não aprisionei meu coração passarinho
Me deixei voar..sem medo da queda

Sim, o mar me deu maresia
A terra me ensinou a rendar
O domingo de rock com poesia
E entre um copo e outro
Um olhar e um afeto
Uma pétala e outra
Espalhadas por nós em nós
Me libertei do aperto no peito
E vivi todo um verão Rio sem ser janeiro

Talvez eu siga
Talvez eu pare
Talvez seja assim...
Os altares internos
Onde meus deuses habitam
- instantes de leveza-
Talvez seja agora o tempo do adeus
Talvez seus olhos nunca tenham
Sido meus
Mas, sem dúvida, todas as grandezas
De nossos poucos atos
Afetuosamente...
Foram e serão, sempre, nossos.

Não, não era essa a escrita
Nem só de alma é feita a vida
Nem só de perdas reflete-se a morte
Morrer também é um estado
O resto é coisa da imaginação
Dessa poeta que se perde
Na sua escrita fora de orbita

Essas palavras que saem de mim
Querem, na verdade, escutar de você
Novos convites para encontros furtivos
Bares escondidos, cinemas camuflados,
Quartos de motéis.

Essas palavras escondidas em mim
Vão se desfazendo e inventando poema
Emancipam febres
Inventam antigos desejos para a tua língua
E liberam esse gozo, que tem um tempo curto,
Como cabe ao instante do prazer
E certamente, as palavras , apenas elas
Tenham a intimidade que quisera o tempo
Roubasse de você e as oferecesse pra mim.

Da série" Senhorita"




terça-feira, 10 de setembro de 2013

DEIXANDO DE SER MINGUANTE



Não sou adepta às conquistas por vaidade. Gosto do sabor que tem alguém que aparece do nada e quase se transforma em tudo, mas sei também quando isso ultrapassa o impossível e insistir vira esperança solitária.
Um dia escutei de uma pessoa que eu era intensa demais e que isso era tolice, que o mundo não comportava mais gente assim. Rio disso e choro também por ver nessa colocação um resquício de verdade, mas não desisto.É da minha estirpe não desistir, não me dar por vencida e procurar no meu "dentro" aquilo que não foi atingido.
Encanto-me sempre que um olhar me convence de estar na direção do meu. Engano-me também com isso , mas faço o exercício do "uma hora vai" e me vou...
Preciso do encantamento para ter de volta a minha paixão que às vezes me foge. Lamento confessar que vivo em busca da paixão eterna,mesmo sabendo que não a encontrarei como queria. E daí? Trabalho, vivo e brindo os dias no cerne do meu afeto. Preciso do diálogo, da presença, do cheiro, e acredito mesmo no diálogo, mesmo com toda a divergência que ele pode ter, pois sem ele não há nada. Mesmo o que houve, não há. Sem ele não há relação, pois até mesmo os amantes precisam de um tempo juntos para legitimar sua existência.
Não posso me deixar levar pela tristeza que me abate, mas ela também tem seu espaço e me acumula de palavras meio tortas e deixa meu raciocínio meio tonto.
Amanhã estarei alegre. Quando estou alegre sou sem igual, mas quando defrontada comigo, como agora, sou somente...emoção. Então escrevo para livrar-me dela, para que ela não seja minha companhia eterna enquanto a lua muda de fase, pra que eu seja daqui a algumas noites, novamente inteira, pra que o meu silêncio em palavras sejam para quem, ainda, me lê...palavras, apenas.
Um brinde aos dias que virão!!!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

EU PRECISO DIZER...TANTO!

                                           

A postagem que começo agora vale pelo sábado, domingo e por "aindagorinha", quando tive vontade de dizer e não disse, pois acho que já sabes. Ontem acordei por volta das 8:00h da manhã, mesmo depois de ter encarado caranguejada, Psicodélicos e casa, durante todo o sábado. Mesmo depois de ter ensaiado uma cama por volta das 5:00h da matina. Tudo aconteceu de maneira harmoniosa, com amigos reunidos, muita falácia e risos. Fomos brindados por um dia de setembro daqueles pra se ter registro eterno. Um cheiro de coisa boa no ar e uma saudade que me atravessava o peito, me levou à beira do rio... Tinha que fazer tantas coisas, mas não as fiz. Fiquei feliz por toda tarde de sábado, a noite de sábado e a madrugada de domingo , como se estivesse nascida novamente.
No sábado, tudo que eu queria era o direito ao ócio, ao sonho, ao encontro. Ficava de olho terno para o portão esperando por alguém que jamais chegaria, mas brincava comigo de poder ser possível e lembrei da máxima"querer é poder", mas isso não é verdade. Sábado eu só queria sonhar.... e o fiz. Queria dizer "euteamo" pra um monte de gente, e o fiz. Num instante, na minha mente veio minha "mais maior" amiga e uma saudade gorda preencheu meu suposto vazio. Ri novamente e percebi que sou um ser de muita sorte por ter tido a companhia dessa pessoa em minha vida.
Em um momento que falava ao telefone do lado de fora do bar em que estava, alguém coloca a cabeça para fora do carro e grita:" Negão, eu te amoooo!! " Eu ri mais uma vez naquela tarde de sol por saber quem era. Pouca gente me chama assim... de "Negão". Dessa vez tive que explicar o porquê desse apelido. Tudo bem ,mas o que o novo/velho amigo queria entender era como as pessoas dizem " EU TE AMO" assim de forma tão natural e simples. Eu disse:- não é natural? Digo eu te amo sempre que me sinto motivada para tal. Tive uma amiga que me ligava todos os dias pela manhã e me dava um sonoro bom dia acompanhado de um vibrante "Euteamo", assim mesmo, tudo junto.
 Apredi com o tempo que as pessoas não dizem essa frase por imaginarem, erronhamente, que isso seja um pacto... Eu te amo hoje e nem te conhecia ontem e posso acordar amanhã sem sentir isso. Eu te amo não é promessa de "pra sempre", eu te amo é troca, é afeto. Eu te amo não pode ser dado apenas pelos amantes. Eu te amo é do universo humano, é da causa e do efeito, é do entendimento do amor. Eu te amo é do respeito, é de filho, é de irmão, é de cão, é do espírito... e me lembrei que, dias desses, querendo escrever sobre o império dos sentidos, não achava qual seria( o tal império) e descobri , bem ali, na beira de mim, que é o desejo. Sim o desejo que pode se tornar amor ou o amor que é só desejo, mas que é imperioso sentir.
Voltei para casa depois de mais um bocado de assunto sobre amor, desejo, comida, cerveja e tudo o mais que dá prazer.
Cheguei a casa com um amigo e ele disse-me um sonoro Eu te amo, nêga. Eu respondi que também o amava, mas sei o quanto deve ter sido difícil assumir isso da maneira que me disse e da maneira que implorei um dia ouvir, mas ele nunca o fez. Não daquele jeito, não com tanto sentimento. Quando respondi, respondi como um amor de todo dia, com um amor mais amigo, menos carnal.
Hoje, acordei às 6:00 h da manhã com o ímpeto de dizer isso a alguém, com medo de não ter a chance de fazê-lo e com uma agonia do não entendimento disso. Não o fiz, mas não arrumei sossego até agora. Talvez você leia, talvez não. Talvez entenda o que digo, talvez não, talvez você já saiba que eu queria um  dia, depois de te desejar um dia lindo, ouvir um grande e sonoro "euteamo" tudo junto e tecer o riso mais puro de mim pra você.
 E já que você disse que é um dos meus seguidores aqui no blog, deixo pra você, especialmente pra você, o meu EU TE AMO, pois sei que você entende que não é pacto é ato, é atitude, é do nascedouro do nós.
Uma saudade doida do rio, da beira, da pedra, do riso, do que não somos já tendo sido.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ASSUNTAMENTO ENCERRADO

                                                                         
Francamente, há coisas que não consigo gostar. Nada contra a quem gosta, mas meu espaço fica mutilado quando, na TV, rola futebol. Meu quarto fica parecendo estádio...uma gritaria que me desconcentra e um monte de palavras que não estou querendo ouvir. Tento ler, mas não consigo. Ouvir música...nem com fone. E o tempo parece estancado. Nunca demora tanto 90 min. Quanta agonia, "môpai"!! 
Aproveito então para responder, ou ao menos tentar, a pergunta que um anônimo me fez depois que leu minha última postagem.
Em primeiro lugar, anônimo, não responderia absolutamente nada a quem não se identifica para mim. Mas, provocativa que sou, posso te garantir que não é puramente "virtual", é meio impossível, mas real- acho- e só diz respeito a mim. Só a mim. Deve estar pensando que estou nervosa, né? Tô não. Apenas não entendo a covardia que habita uma pessoa fazendo com que essa não se assuma.
Em segundo lugar vou tentar aliviar a sua curiosidade em algumas perguntas que postou. Sim, gosto muito de viajar. Prefiro sal a doce. Vinho tinto, noite e dia, mar, sol, lua, beijo na boca mais que dedos, ou dependendo dos dedos, os dois. Não suporto vulgaridade, mas não sei exatamente pra você o que seja isso.Sexo com quem escolho, sem culpas depois e com a sabedoria de quem sabe no durante que não será um passatempo depois. Gosto de pé no chão, música, música e poesia. Alguns, pois não sou Roberto Carlos pra querer ter um milhão de amigos.Amo minha família, embora tenhamos nossas diferenças. Espírita, não por uma ideologia que consola, mas por fé.Gosto de dormir com a cabeça leve, de jogar fora as ilusões, de permanecer calada quando esperam que eu grite, de meias nos pés, batom vermelho, saltos altos, caranguejo, muito caranguejo, sorriso sincero, saudade matada, do meu lado infantil, da minha personalidade mulher, da minha capacidade de acordar todos os dias vendo as coisas com mais otimismo do que impossibilidades, de Atafona- minha Paris-. No momento? do moço que não é, nem poderá ser o que pensa que é , mas me faz, de maneira encantadora, imaginar que sim. Gosto de samba, clássica...música digna. Chico Buarque- não há outro igual- Lenine, Djavan, Vander Lee, Bethânia, Nana, Led Zepelin...um monte!! Fernando Pessoa e Clarice Lispéctor. Gosto de cuidar, de quem cuida de mim, de quem abraça meu filho, pois beija a minha boca. Gosto muito de gentileza, de quem quando desafina- na vida e na canção- pede perdão, do segundo da voz dele do outro lado do telefone como se estivesse aqui, consideração, carinho, massagem nas costas, riso, verdade nos olhos e por fim ...doce de nozes- único que como sem enjoar-.Gosto do meu humor, não guardo rancor...Isso dá câncer! Ler um bom livro, sentir e dar prazer, ir ao cinema, amar sem pressa e sem a estupidez de imaginar que isso é pra sempre. Ah!! De mim. Gosto um bocado de mim, mas detesto gente que não se revela e fica querendo me decifrar...
É o que tem pra hoje! Chega! Assunto encerrado!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CUIDA BEM DE MIM




Depois de mais um dia de muita labuta, paro para questionar, a mim mesma, que tipo de conspiração é essa que estamos vivendo desde o fim da semana passada. Estavas certo quando disse que do dia em que nos conhecemos até o sábado nunca tínhamos ficado tanto tempo sem nos falar. Parece que a saga continua. De um lado você tendo que administrar seus problemas, do outro eu meio sem saber como te contar os meus. Os tenho. Claro que em proporções diferentes, mas os tenho. Um deles é que tentei diversas vezes te contar algo que está deixando aflito o meu pensamento, mas que preciso te contar. Tenho essa mania de querer ser franca, - pensei na palavra honesta, mas não seria pertinente- de dizer o que se passa pra quem divido o que sinto-??- . Bem, vamos ao que, de fato, me leva a essa necessidade de escrever, falar- tá difícil-.
Há alguns dias estou dormindo com uma pessoa. Aliás...dormindo não é a palavra certa, pois passo a maior parte da noite em claro- o que está me deixando com olheiras e não gosto nadica de nada disso- . A presença dele é como se existíssemos juntos, próximos, bem antes de nos termos visto. Peço desculpa pela minha ousadia, peço desculpas a mim... Mas o cheiro dele é algo que me enlouquece e que fica em minha memória por todo tempo e até a mania de estalar ossos faz música para meu riso e me deixa nervosa, crê? Nem sequer permissão me pediu para ficar e ser tão íntimo assim, mas está, e gosto disso. Faço com ele coisas que nem pensaria...fumar na cama? Nunca. Mas me permiti com ele. Rir de tudo a todo tempo, conversar horas a fio, olhar no olho, ficar “bobo”, tudo nos é possível... Durmo com ele todos os dias, ou ele é quem dorme em mim? Já nem sei. Tenho vontades adolescentes de estar perto, de andar despreocupada, de planejar coisas que não teremos. Enquanto penso não durmo, não concentro, vou apenas afiando minha escrita. Será que ele existe para meu primeiro romance? Acho que encontrei o mote para escrever um. Já que não durmo escrevo, enquanto escrevo penso, e quanto mais penso mais o quero, e quanto mais o quero mais o desejo, e quanto mais o desejo , mais escrevo e o construo para mim exatamente como ele é , expontâneo, assustadoramente expontâneo e "quase irreal". Ele dorme comigo todos as noites e acorda comigo todos os dias,   e me ri de um jeito que só as pessoas anuviadas fazem. Tomara um dia esse homem me levar pro Sana e me deixar ser, de novo, mulher em sua cama. Tomara mais um dia, a gente por aí, sem promessas, sem estreia, mas com datas de ensaios lindos pra poder nos encantar.

“Cuida bem de mim/ Então misture tudo/ Dentro de nós.”

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

MEU ESTATUTO

                                                     


Depois de um fim de semana sem muito entendimento, depois de me atropelar infinitamente em minhas próprias explicações, eis que decido criar coisas para mim. Decido que a partir de agora e pelo tempo que eu mesma desejar, não negarei a utopia.
Todos o sonhos terão seu valor- mesmo os impossíveis- e a cada um darei uma cor- mesmo que  cinza-, tirarei do escuro minhas incertezas e deixarei de ser uma louca atrás de uma verdade que ,de verdade, nem quero ouvir.
A partir de agora a liberdade será feminina, como feminina é a palavra liberdade, da mesma forma que a palavra justiça- que posso negar sendo injusta em alguma situação-, mas será feita respeitando meus sonhos, dentro daquilo que penso, adimiro e luto a favor, dentro daquilo que  consigo eleger como justo.
A partir de agora terei mais paciência, viverei uma respiração após a outra, de maneira lenta e me oportunizarei o exercício da esperança.
De agora para sempre as palavras medo e culpa são banidas de meu dicionário vida e vou vivendo um instante como se não mais existisse o outro, não terei pudor de trocar de amante, pois aos pés de minha cama eles se revezam na minha ânsia de devorá-los. Lá estão eles a olhar para mim como que pedindo colo, cumplicidade e disponibilidade. Esta semana que passou foi a semana dedicada ao Alberto- o Caeiro-, na semana anterior foi o Carpinejar- Fabrício- e nas outras muitos outros que traio, sem pudor, enquanto eles me acumulam de suas palavras me fazendo rir, chorar, pensar e repensar esse meu destino que cada vez mais é alheio a minha vontade.
Dormi com Vinícius ontem..."Nasço amanhã/Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando" e acordei como se o dia há muito não tivesse começado, como se fosse a primeira vez que conseguisse entender, de fato, esse poema que me acalentou a alma e me fez despertar outra.
Encarei o novo como se fosse o que é... novidadeiro e permiti ao tempo deixar-me levar, sem contratos, sem promessas, sem real identidade, sendo eu mesma, apenas, querendo de quando em quando um riso sincero, um afeto inusitado, uma conversa de fim de tarde na beira de um rio, ou no alto de uma pedra, ou descomplicadamente por aí...simples como podem ser dua pessoas que decidiram seguir o encontro. Simples como quem desconhece em que caminhos pode-se entrar e não teme nunca mais sair por onde entrou, simples como quem apredeu, em uma noite, a conhecer o outro pelas mãos...
A partir de agora fica proibido não te deixar me ludibriar.

domingo, 18 de agosto de 2013

SEM MAIS.

       
                                                                   
Hesitei. Um monte de horas, hesitei. Hesitei, hesitei até agora , mas as palavras me são como grito e eu não consigo silenciar. Veja, tentei, pelo teor da hora, tentei, mas não consegui. Tudo em mim parece ferver e se não posso falar, escrevo. Ainda que não saiba o que vou tateando nas teclas - da mesma forma que tateei o dia-  a tarde-, e essa infinita madrugada.
 Poderia ficar calada, mas um troço de doido me alvoroça a alma e me faz escrever. Ainda não sei o que, mas vou tentando.
Um dia, disse-me um moço, a vida será muito diferente. Poderemos quebrar muros , construir pontes, fazer uma orgia parecer missa...ele se foi...levou o meu melhor. Penso que não há história pior que história sem fim, mas quem os escreve?
Parti para uma aventura que até conhecia o enredo, mas fui. Sou do tipo que "invade, arde e fim..." sou assim.
A cabeça pipoca doida nessa hora da manhã. Quero muito, quero tudo, posso um monte de coisas que não devo e, ainda assim , as quero. Fazer o quê com isso tudo, diz? Queria ser igual a todo  mundo, queria ser um pouco do que penso, mas movida por conceitos também eu me rotulo, me emblemo e aos poucos me engesso. Nem sei mais o que quero, penso ou faço. Teço, nesse final de noite, uma invernada em mim. Cá estou, sem paixão- o sentimento é outro- sem entendimento, com um monte de coisas que me permiti ser sem ser.
Que coisa essa coisa de se sentir coisa de um momento para o outro.
Me releio e vejo que deve ser muito difícil me entender. Sou muito fragmentada. Corra de mim. Sou toda em pedaços. Inteira. Isso deve ser muito ruim pra quem quer me decifrar, eu que  nem sou enigma...sou mar. Hora sal, hora onda, hora marola, hora...assim, como quem passa pra molhar seus pés, pra lamber sua calma, pra te fazer olhar pra mim e você nem me encara, de longe me fala e eu sou tão despassarada que não lhe posso escutar, pois o que me dizes é nada, é ilusão, é desejo, é bagunça, é quase compulsão.
Não sei em que momento nos olhamos, mas devia ser um  instante antes de ressuscitar as nossas histórias. Tocamos - covardemente- os lábios- deveria ter sido isso apenas- e depois fizemos contatos e afinamos os nossos tratos.
Dá pra mim de volta o que já ofereci a outros e esses recusaram? Me primavera pra mim, antes que o verão arrebente a minha casa de outonos? Não sei o que se passa, mas quando passar , por favor, não me inverne mais.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

DA BEIRA DO RIO

                                                                         



Dizem que nossa alma é uma janela aberta à visitações. Dizem mais; que quando abrimos uma janela para o desconhecido estamos sendo distraidamente ingênuos ou explícitos. Penso que seja de nossa natureza aventureira experimentarmos isso, deixar-mo-nos levar pelas mãos do vento, como esse que sopra no fim da tarde enquanto aguardo a presença de quem já habita em mim, mas confesso que um medo infantil cumpre a tarefa de transitar no meu corpo.
Sempre soube que quando o medo nos arrebata é importante que façamos de conta que  não o sentimos.
Estou atracada na beira do rio ainda decidindo se vou ou não me deixar navegar. Tudo em minha volta é de uma beleza estonteante, mas ele, o medo, continua transitando, só que agora em minha alma.
Volto a questão da janela e questiono-me: Se abri a minha para as coisas que não são puramente do acaso, fecho para a amizade? Mas se a amizade pode ser considerada um princípio de amor, não perderia eu a oportunidade da travessura?
Estou acumulada de perguntas... Espero a resposta naquele olhar primeiro que trocamos e que nunca chega.
Rio invade a minha casa/olhar exatamente nesse instante em que o sol brinca de pique esconde por detrás das árvores desenhando o céu de maneira a fazer-me rir de mim mesma por conseguir ver essa brincadeira, porém o verde das coisas fazem-me entender que é real e, aos poucos, o medo adolescente que me invade vai sumindo no barco que se encontra inerte na beira do caís.
Aguardo a chegada de quem, ainda, não conheço. Já fiz e refiz meu bordado por três horas numa insanidade atrevida. Quase Penélope, quase Helena.
Teço coisas enquanto tudo se arruma por dentro e por fora. O verde do lugar é irretocável e me rouba a poesia me acumulando de prosa.
Pareço-me com o "Pequeno Príncipe" aguardando a sua chegada "mil dias antes de te conhecer". Escrevo pra reencantar meu desejo, pra me livrar dessa angústia causada pela proximidade da chegada e pelo novo que estou prestes a conhecer enquanto vislumbro o verde das folhas bem na minha frente.
Tudo me deixa feliz. Todas as cores, todas as borboletas que passeiam por aqui...
Agora eu o vejo. Chega ao mesmo tempo em que um velho tira do violão uma canção que parece ter sido comprada para aquele momento. Rimos... uma áurea diferente coroa o momento enquanto ele me sorri o mesmo sorriso do outro dia, sorriso largo e permanente.
Imagino cenas e palavras. Não escrevo mais, vou guardando na minha mente as coisas nossas daquele momento e, como no samba, vou repetindo intimamente: "Deixa-me encantar com todo seu e revelar o que vai acontecer nessa noite de explendor..."
Pronta estou para a prosa no vento e me deixando por você marear.

PS: Obrigada pela arma romântica e pela elegância do improviso. Levar um casaco para mim foi a prova que evidenciou a seriedade de princípios e me fez ver que a sua educação se desenvolve, também, na intimidade. 


Das Preta

                                                                                                                          

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

TÁ COMBINADO

Ainda não sei do que se trata. Não sei de onde, pra onde ou de que maneira poderão as pessoas identificar uma série de sentimentos.
Há um monte de dúvidas e nenhuma certeza no meu dentro agora, pois a vida que me colore- por dentro- é a mesma que me matiza- por fora- tentando evitar o cinza das causas.
Viver não é apenas um ato involuntário de respirar. Viver também é uma série de atropelos e buscas. É mais que isso, é também não saber como se esticar o livre arbítrio e ser , de fato, livre pras escolhas. Podemos alterar a ordem das coisas por descuido ou opção. Difícil é entender essa mudança depois. Difícil é assumir que fazemos as nossas escolhas. Dífícil é nos vermos sabedores de nossas embarcações e que depois de construirmos a nau, embarcamos nela e não queremos- no instante do prazer- percebê-la furada. Tropeçamos depois quando notamos no antes que isso pode acontecer, mas navegamos, por ser preciso, mas sem a precisão necessária.
Tenho culpa se o vento em mim ainda ressuscita? Se todas as minhas veias pulsam, mesmo que dissonantes, e me jogam no mundo duvidando da cronologia de minha história. Sinto-me mais menina a cada dia. Isso é pecado? Então, de pronto, jáme perdoo.
Dentro de mim habita uma mulher que se desepera com a meninice que ainda carrega na alma e no escondido debaixo do forro da saia que se levanta ao vento. Ela corre próximo ao mar, despe os olhos daquilo que não quer ver e finge, por ser poeta, e acredita que pode ser aquilo que não pode ser, pois já é. Ela é doida...morde a boca, aspira ares, sonha acordada, tem medo de dormir, não sabe nada e vai pelas tardes como quem acredita que jamais chegará o fim do dia. Olha a lua , a segura nas mãos e chora e ri e tem todas as dúvidas do mundo e depois, depois escolhe um caminho para se tornar novamente mulher e vai. Não sabe por que, mas vai. Sabe, apenas, que não haverá promessas. Que a vida é feita de tentativas e acredita que o inverno nos inventou pra que pudessemos nos aquecer e combinar que é, no fundo, somente sexo e amizade. Mas...isso basta? Talvez sim... se pensarmos que asfixia-se, lentamente, aquele que não se permite viver na carne o que o pensamento já faz incasávelmente.

                                                             

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

ANTES QUE O MUNDO SE ACABE


                                                                             

Vem dormir comigo hoje
Que afinam instrumentos por aí
Anunciando o fim do mundo
Dorme comigo 
E eu acordo como se não houvesse orgia
Viro dona de uma lucidez desconhecida
Encurto a minha tesão e te permito voar
Sem árvores no caminho
Com combustível suficiente
Para voos internos e intensos
Vem dormir comigo hoje
Para que amanhã não me traias 
Pelo cansaço
Não me perca a extensão da alma
Para que não vires abóbora perto de mim
Aprendi que há várias espécies de anjos
Várias espécies de deuses também
Logo, deve haver demônios
Me inclino para eles
Acreditando em milagres...
Então vem dormir comigo hoje
Antes que os Maias tenham razão
Antes que nos tirem a função da sacanagem
Vem e beija o cotidiano de meu ventre
Vem , me beija mãos e boca 
Enfia seus dedos por baixo
Da barra do segredo do vestido
Vem menino...atrevido
Me alvoroce o ouvido
E me encharque de ideias para novos poemas 
De meia noite 
Onde tiro e boto o figurino de ilusões 
Que cabe aos amantes
Onde teço contos e prosa
Onde só por carinho
Peço você um "cadin"
Pra brincar comigo
Depois te devolvo pro mundo
Juro!! 
Quero você por uns tempos dentro de mim
Antes que o mundo acabe
É por empréstimo
Precisa ser doado,não
É por paixão
Mais que por tesão
Uns tempos assim...pra mim
Pra você
Sem medo
Sem perfeição
Nem pra todo e sempre
-Perco sempre como quem perde a mão-
Por ser tanto
Por ser quase
Vem dormir comigo hoje
Antes que o mundo acabe...
Vem...

                                                                                               Das Preta


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