Há um monte de dúvidas e nenhuma certeza no meu dentro agora, pois a vida que me colore- por dentro- é a mesma que me matiza- por fora- tentando evitar o cinza das causas.
Viver não é apenas um ato involuntário de respirar. Viver também é uma série de atropelos e buscas. É mais que isso, é também não saber como se esticar o livre arbítrio e ser , de fato, livre pras escolhas. Podemos alterar a ordem das coisas por descuido ou opção. Difícil é entender essa mudança depois. Difícil é assumir que fazemos as nossas escolhas. Dífícil é nos vermos sabedores de nossas embarcações e que depois de construirmos a nau, embarcamos nela e não queremos- no instante do prazer- percebê-la furada. Tropeçamos depois quando notamos no antes que isso pode acontecer, mas navegamos, por ser preciso, mas sem a precisão necessária.
Tenho culpa se o vento em mim ainda ressuscita? Se todas as minhas veias pulsam, mesmo que dissonantes, e me jogam no mundo duvidando da cronologia de minha história. Sinto-me mais menina a cada dia. Isso é pecado? Então, de pronto, jáme perdoo.
Dentro de mim habita uma mulher que se desepera com a meninice que ainda carrega na alma e no escondido debaixo do forro da saia que se levanta ao vento. Ela corre próximo ao mar, despe os olhos daquilo que não quer ver e finge, por ser poeta, e acredita que pode ser aquilo que não pode ser, pois já é. Ela é doida...morde a boca, aspira ares, sonha acordada, tem medo de dormir, não sabe nada e vai pelas tardes como quem acredita que jamais chegará o fim do dia. Olha a lua , a segura nas mãos e chora e ri e tem todas as dúvidas do mundo e depois, depois escolhe um caminho para se tornar novamente mulher e vai. Não sabe por que, mas vai. Sabe, apenas, que não haverá promessas. Que a vida é feita de tentativas e acredita que o inverno nos inventou pra que pudessemos nos aquecer e combinar que é, no fundo, somente sexo e amizade. Mas...isso basta? Talvez sim... se pensarmos que asfixia-se, lentamente, aquele que não se permite viver na carne o que o pensamento já faz incasávelmente.