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sexta-feira, 23 de março de 2012

MEU OLHAR PARA MIM

                                                                           
Ontem recebi um telefonema que me fêz pensar no quanto o que escrevemos nos revela. Sou trasparente, eu sei, transparente demais, também sei. Vou deixando essa marca em tudo e em todos por quem eu passo. Estou meio esquisita, sofrendo uma mudança de dentro pra fora e de fora pra dentro, como diz a canção. Deve ser para afinar meu instrumento alma que anda tão cansado de repetir eternas canções.
Acordei em estado de prece. Rezo muito, sempre e com exercício da fé. Agradeço, peço- sou igual a todo mundo- discuto e reclamo do que poderia ser diferente e no final rio de Deus e pra Deus que sou eu, entende?
Somos tão infinitamente unos que isso me faz pensar que quando carrego esses olhos marejados de saudades, desleixo ou aflição é porque somos reais em nossa existência.
Tenho mania de me sabotar. Preciso parar com isso, gente! Vou construindo um montão de coisas no meu caminho que só me distanciam de uma linha final, mas penso que, lá no fundo, não quero chegar a lugar algum, que quero apenas trilhar mais uma aventura divina de mim para mim.
Tenho chorado, todos os dia, como de praxe. Choro por tudo e por nada. Chorar é minha espécie de missa, de reencontro, de exercício, de concentração...sei lá. Talvez lá no meu depois do meu mais profundo tenha medo de perder a sensibilidade, de me tornar automática, carnal, óbvia e prática demais. Tenho medo dessa gente que diz por exemplo que sexo é uma necessiade física, apenas. Discordo e grito que a prática desse ato me deixa leve por semanas, mas que se não tiver sentimento, pra mim, não tem sentido. Gosto de fazer amor sem conteção, sem pensar no desconforto que pode causar depois do durante, sem ter vontade de sair correndo de mim, pois estarei comigo pra sempre e até depois que esse meu "eu" passe pela terra.
Hoje estou com uma vontade maluca de sentar embaixo de uma árvore na beira mar, livro nas mãos e olhos ora lá ora por lá e fazer o mundo se acalmar...Tô com vontade de ser Deus (rrsrsr) pra converter algumas coisas e me perdoar dos pecados sãos que cometo. Isso me faz chorar. Essa fome que tenho de vida,essa sede que tenho de amor e eesa vontade de beber dos teus olhos e teu silêncio e de poder em teu corpo descansar.

terça-feira, 20 de março de 2012

PRA BOI DORMIR/ DASÉRIE ELE É MILITAR

                                                                                                                                                 
Na semana passada, depois de uma noite febril entre amantes, arrumei minha necessaire e parti para o Rio. Sempre que pressinto o fim quando não estou preparada para ele, fujo. Na fuga encontro pedaços de mim soltos no ar, saudades fáceis e um encontro ali outro acolá. Precisava ficar comigo, precisava de um ar de menos ironia, precisava chorar longe daqui, onde a vida nos brinda com outro sentido.
Atravessei uma tarde inteira em uma livraria no bairro de  Botafogo. Livraria no Rio é especialmente sedutora e te incentiva a leitura de livros que não temos muitas possibilidades de comprar. Enquanto lia, relia minha vida e tentava passar a limpo um tempo que  vai por dentro de mim e que foi ontem.
Procuro sábias palavras para uma decisão que se apresentava tomada. Detesto despedidas, detesto que me imponham algo que não ensaiei para viver, não entendo muito de rejeição e fico com o nervo exposto quando o outro me trata assim. não consigo entender, sobretudo, quando elegantemente ele diz- o problema não é com você, é comigo- Perguntei nada... e lá vem a desculpa pior do mundo para  o que é óbvio... Pessoas se interessam em tempos diferentes. Só com o tempo é que elas entendem como funciona a mente, a libido, a educação e o transe do outro. Quando estamos apaixonados é diferente de encantados que é diferente de ecxitados ,que é diferente de eufórico.
Eu estava encantada e ele parecia estar assim também, mas de um dia pro outro as coisas pareciam sair do eixo, talvez por saber-se partindo, talvez por ter sido apenas aquilo, talvez por nada. Mas a partida do outro, de um tempo diferente do nosso, é assassinato. Não , não é assalto. Nos pega de assalto e nos desestabiliza, pois nas relações tudo é imprevisível.
Hoje vou me acostumando com a ausência do outro. Uma ausência tão repetitiva, tão igual, tão cheia de desculpas. A dor de dentro é ruim, mas a física é dilacerante, "corta como um aço de navaia". Sinto falta dos abraços,dos beijos demorados, das mãos dadas, do corpo ocupando o mesmo lugar no universo, da descoberta de que isso é possível quando dentro um do outro. Sinto falta dos dedos, dos olhos, do olhar ,do riso e de da voz que descansava palavras e músicas em meus ouvidos. Sinto falta de mim.
Olho para trás, pra distância que poucos dias causam e percebo que me despedi de mim e não de você. Arrematei o nosso encontro num pacto que é muito perigoso, pois estamos desconfiados demais do mundo e isso torna o outro individualista e só.
Há um tempo para tudo. Para o encontro e para o atropelo. Não acredito que seja de tudo assim , mas no todo não há pior explicação pro que não aconteceu do que assumir uma culpa do que não é pecado, pois não estar para o outro - disponível de amor- como ele está pra você é tão provavél e aceitável quanto ignorar. O resto é conversa pra boi dormir.

segunda-feira, 19 de março de 2012

PENSA QUE SOU FÁCIL?? SOU NÃO.../ DA SÉRIE ELE É MILITAR

                                                                                 

Dentro de mim tem um rio. Dentro do rio tem o quê? Sou assim...feita de água e resistência, mas às vezes acabo sucumbindo as paixões. Choro um tanto, choro todo dia-  é que faz parte de meu exercício - rio de mim e de quem foge de mim e me vou atravessando a vida colecionando mais um retrato em branco e preto, como diria "meu marido" Chico, o Buarque mesmo. E faço isso cantando, acredite.
Nunca tive medo da vida nem do que ela me ofece em troca do mundo que lhe dou que é minha respiração, mas encontro uma gente covarde pelo meu caminho que nem sei porque me encanto por elas. Vou me deixando levar pelas minhas pulsações e posso garantir que faço isso sem medo. O problema é que sempre que fazemos isso, algum idiota faz julgamentos de valores distantes demais do que pensamos ou do que sentimos ou do que somos.
O que me incomoda é a capacidade que eles têm de nos recolher, temporariamente, a nossa delicadeza, o nosso colorido e as nossas tentações. Eles, em suas obstruções sentimentais e temores ridículos, sabe Deus de que, vão tolindo nossa naturalidade...nem ligo, pois vou morrer de meus excessos e não de minhas contenções.
Vivo me encantando, mas aviso aos encantadores que isso pode durar anos luz como pode terminar com um gesto de indiferença.
Não vou jejuar meus sentimentos, não vou reter minha vontade de gozar, não vou deitar sozinha comigo mesma tendo na mente reflexos do que não vivi por medo ou porque dizem que quando nos jogamos estamos agindo como adolescentes. Não tenho o menor problema em sentir como se fosse adolescente. Nunca tive necessidade de matar a florida mocinha que ainda reverbera seu riso em mim. Vou transitar pelo mundo com minha criança, minha adolescente, minha mulher, minha amante e tudo mais que existir em mim. E daí, isso faz alguém superior a mim? Isso torna um ser mais contido ser mais feliz??? Vou agindo de acordo com a minha vibração. Já dizia Martha Medeiros- Está na hora de reconhecermos que entusiasmo não é coisa de adolescente: é coisa de gente grande. Vou além: é coisa de gente velha, inclusive. Coisa de adolescente é depender de ajuda financeira dos pais, passar a madrugada bebendo cerveja nas calçadas, andar sempre em turma. E até isso não é propriedade privada deles. Mas entusiasmo, vibração, paixonite? Que insistência tola a nossa ao afirmar, cada vez que vivemos algo novo e excitante, que estamos em surto de adolescência. Isso sim é falta de maturidade. Os maduros de verdade sabem que estão sujeitos a vibrações aos 30, aos 40, aos 60 anos. Alguém está morto aí? Se estiver, não responda que tenho medo de fantasma. 
Não responda mesmo. Pegue sua pistola- aquela que não usou comigo- e deixe-a em algum lugar que você esqueça e não se sinta inseguro sem ela. Brinque um pouco, meu bem, deixe que o adolecente que fica doido pra saltar do teu peito me carregue pela mão, ou se não for a minha, que pegue a mão de alguém, mas não transforme a vida em um quartel, em um exercício sem variação,em uma busca pelo nada.
O que me encanta é o olhar primeiro. Esse é lindo, esse é o olhar que não sabe das coisas senão do desejo, da possibilidade, do entusiasmo. Mas se a gente distrai...ele se esvai rapidamente deixando no olhar do outro uma saudade do que não foi e que poderia ter sido.
Talvez os seres que se encontram num dia jamais se esbarrem de novo. Eu chamo isso de escolha e assumo, não foi a minha.
Deixo o texto que li e ,que se parece com tudo do que podia ser, pra me despedir de quem fui com você nas últimas semanas.

Tenho que inaugurar pra mim um jeito novo. Eu falo muito, eu sei disso, mas é só porque ainda não achei minha forma. Quando isto acontecer, vou ficar contida e poderosa, cheia de força como uma nuvem preta expedidora de raio. Santo é assim, não é?…
Quero o que se deve querer, já que, conforme o mandamento, somos todos chamados à perfeição: é por isso, é por estrito senso de dever que eu quero o mais custoso. Gosto de coisa boa. Me incomoda pensar que pode ser o capeta que tá me confundindo, enchendo a minha cabeça com esta precisão de distinguir, em vez de me dar folga pra viver sem complicação que, pra mim, é o seguinte: comer sem fazer jejum. Amar sem fazer jejum. Ter licença de abrir o coração pra quem eu quiser. Abrir o coração, bem explicado: amar sem jejum de sentimento. Isto implica o esforço natural e necessário de conseguir manter o amor: um decotezinho mais brejeiro, batom Anaconda de brilho, um puxadinho de nada de lápis crayon no cantinho dos olhos, fazer aquela cara que eu sei fazer, pondo minha alma todinha num certo modo de baixar e levantar os olhos, primeiro oblíquo, depois directo. Porque eu gosto da humanidade, em particular da representação masculina da humanidade. É muito divertido comerciar com os homens, estimulante como nenhuma outra coisa é. Eles ficam encantadores, querendo pegar a gente em falso. Isso o homem comum. Imagine os santos! Fico em estado de loucura, tentação tentada. Tem coisas que eu faço bem. Posso fazê-las mesmo? Tudo é de Deus, menos o pecado. Você que me escuta e tem coração maldoso, ri pra dentro pensando que eu sou fácil. Não sou…


(Adélia Prado fragmento do livro 'Solte os Cachorros')

Tomara eu me encantar novamente. Isso me rejuvenece...rsrrsrsrs!

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