Quando eu
nasci,
Uma Oxum
Apará,
Dessas que
nascem
Da união
entre Xangô e Obá
E carregam
espelho e espada nas mãos,
Disse: Vai
ser artista/poeta na vida!
Não sou
tão poeta
Mas sei
interpretar
Visto-me
de ouro e rosa
Sou calma
e agressiva
Depende
daquele que me encarar
Aprendi a
ser como os bambus
Das
cercanias das cachoeiras
Envergo,
mas não me dobro.
Temo as
coisas que não vejo
Combato
cada uma com a espada
Que me foi
dada e deixo meu inimigo
Olhar no
espelho de meus olhos
E saber
que, pra mim, ele não vale nada.
Danço pra
quem quiser
Sorrio
como o rio que passa
Sou de
Ogum a mulher
Em meu
corpo reina Iansã
Seis meses
guerreira
Seis meses
Oxum em sua doçura
Mas não me
venha com branduras
Nas águas
dos rios, sei mais que nadar
Eu podia
fazer de mim outra escrita
Esconder-me
em templos mais aceitos
Fingir ler
uma gênese que não decifro
Mas esses
mistérios
Mas esses
tambores
Esses oris
Abadás
Pombas
Giras
Pretos
Velhos
Exus
Pontos e
Panos
Me deixam
girando
No mundo
Fazendo
uma África dentro de mim
Oré yeye ofideriman!