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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

"ATÉ QUEM SABE, MEU AMOR, UM DIA EU VOLTO, CANTO CIRANDA NA VARANDA E SOLTO OS BEM-TE-VIS".


GALATÉIA






Sou quase louca, eu sei.
Corrijo minha alma
Tropeçando em meus calcanhares.
Ainda não aprendi a olhar para o peixe
E vê-lo peixe, apenas
Vejo-o mar, sal, azul e anzol
Não aprendi a entender que no país das maravilhas
Alguns homens são de lata...
Outros são covardes...
Outros nem tem cérebro...
E novamente me encantei por um sem coração
Sou mais Peter Pan que Sininho
Tenho medo de crescer e perceber que a fera da bela existe
Toda desenhada no meu anti-herói
Vivo tecendo um sudário a sua espera
E teço-o como Penélope durante o dia
Fingindo-me feliz diante de todos
À noite, desfaço o que teci em lágrimas e
Corajosamente espero o nascer do sol seguinte
Sigo minha sina como Rapunzel
Aprisionada na torre de um castelo
Que nem é meu.
Acordo sempre no escuro...
Como se ouvisse o sol chegando
Atrás da colina de sua aldeia 
Que ficou tatuada na minha retina
Sou a ingênua menina que levou a cesta de doces para a floresta
E se encantou pelo lobo mau que nunca faz seu serviço
Hoje o vento frio briga com as folhas
Do caminho que não mais transpasso
Mais uma Dorothy que perde passo, 
Não sei como atravessar essa de estrada de tijolos
Estou virando sertão
Talvez meu amor vire ódio
Como aconteceu com Helena em relação a Menelau
Talvez não
Talvez vire pedra... Medusa...
Feito Argos em sua nau
Que me venha um Páris
E me dê a paixão que você me nega
Que eu não me faça adormecida
E nem tão pouco esquecida
Que ele possua mais esperanças que dor
Que um dia, não muito longe
Afrodite me transforme em Galatéia
E você, depois de ser perdoado
Por tanta falta de coração,
Deixe de ser esse homem de lata
E seja meu Pigmalião...
... diante de Páris... é claro

E por que, não?

terça-feira, 23 de junho de 2015

A POESIA DA ALDEIA


                                                                     

_Tá vendo?
_Tô venu si sinhô
_Acha o quê?
_Que ela tá se rindo d'eu
_Rindo? Ela não ri
_Ela é o riso, então?
_Não...
_Maisi óia, mira bem naquela direção!
_Qual? Aquela que segue o rumo do meu braço?
_É.... e vai maisi adiante e, adiante o passo
_Por quê?
_Prumodiquê daqui a um cadim ela se esconde...
_Se esconde?
_Óia que tem dois zoinho brilhando perto do riso!!
_Você enxerga o vento?
_Enxergo e danço com ele, sim sinhô
_Delírio seu
_E vejo a terra com uma cor que transparece com o brilho do riso dela. Tá venu?
_Vejo...mas não como você desenha pra mim
_É que te faltam as lente
_Lentes?
_É... as lente da magia
_Você está se rindo de mim?
_Não sinhô...
_Tô catando a poesia que passeia em sua aldeia enquanto não raia o outro dia
_O dia nasce em qual direção?
_No contrário do que ela se ria. Nunca viu , não?
_Acho que dormia
_Eu bem sabia...
_Que eu dormia?
_Que de mim ela se ria, enquanto eu te mirava
_Quando o sol nascia?
_Não...quando eu não dormia e o teu suor eu peneirava.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

CHEGANDO AO FIM

                                         

Sei que não sou um sujeito simples
Logo, não exija de mim conjunções
Nem tão pouco que eu seja toda injunção
Não me queira advérbios cheios de modos
Pois sou adjetivos vários
Contra e a favor
Urso e cordeiro
Meu pretérito não é
E nunca será perfeito
E toda eu sou artigo indefinido
Numa oração em que o futuro
Tão presente
Se transforma em pedido
Ponha-se como complemento
Exija preposição aos meus elementos
E se narrativo...
Faça exposições
Seu nome,hoje, é vocativo
Amanhã poderá ser mais um verbo
No imperativo...
Basta!

terça-feira, 12 de maio de 2015

MAKTUB




Destino é quando a gente não desenha a vida e qualquer possibilidade é só o entorno.
Desencontro é quando o entorno não foi possibilidade e o destino esqueceu de nos desenhar.
Experiência é o nome que damos aos nossos erros.
Erros são descartáveis experiências que no permitimos passar.
Passar é verbo intransitivo.Passará.
Verbalizar é entrar em comunhão com o outro.
Calar é não ser capaz de externar o que  lhe pertence.
Poesia é um verso preso na garganta que sai feito trovão.
Saudade é quando a gente mata, assume e o morto demora pra morrer.
Morrer é quando a gente não sabe o que fazer com a respiração e a vida sopra pra um lugar que transita entre a calmaria e a agitação,prendendo suas retinas em pontos pretos e brancos no verde tecido pela folhagem.
Adeus é pros dias cinzas- como esse-.
E ...para sempre...
"Para sempre é sempre por um triz"

segunda-feira, 11 de maio de 2015

DO VALE DA MINHA PERDIÇÃO




O que tem depois da montanha?
Que pedra me dará flor?
Em que vale minha vida vale mais
Que essa que te ofereço?
Em que trilha perdi meu caminho
Quando em vão buscava o que guardas?
Pássaros imensos sobrevoam minha cabeça
Eles nem sabem quem é Deus
E aparentam mais fé do que eu
A intimidade
A transgressão
O abotoamento do tempo
O descaso
O atraso
Tudo estava em seu lugar
Só eu não via
Só eu fingia não ver
Só eu não queria entender
"Escrever é minha salvação"
Errei...
Não percebi que aqueles instantes
tão nossos eram,
na verdade mais meus
Errei quando ele ocupou o espaço
Que era de Deus.

BOA VIAGEM



                                                                           
Dizem que o céu é o lugar que vive a gente que já morreu... Deve existir por lá também uma gente invejosa,diga-se de passagem. Gente que rouba de uma única vez, não apenas um, mas três dois nossos melhores contadores de "era uma vez".
Nunca fui ao Recife de verdade, fisicamente dizendo, nunca fui em corpo, mas cada vez que lia Suassuna criava um reino onde eu era uma mulher vestida de sol, que ria com a moeda usada na viagem. Ria porque era uma moeda descomida por um gato.
Suassuna nunca deixou órfão seu menino. Desfilava seu moleque elétrico com frases destemidas em toda entrevista.
Sempre me orgulhei dele. Sempre me orgulhei de ter um escritor, dramaturgo, professor e figura essencialmente humana e nua, nascedora neste universo/país.
Ler Suassuna é voar, é ser de todo lugar, é saber-se parte de uma história...
Senti-me três vezes viúva nessa última semana. João Ubaldo visita a minha cama com seu riso bonachão, seu boi holandês que de tão cheio de meandros para cobrir uma vaca, até parece que ao sair de cima das ancas da dita parece agradecer...
Rubem Alves,muito teórico,educacionalmente didático com sentimento teoria e prática ensina-me diariamente a não olhar meu ofício como sacerdócio, a não me fazer refém de uma quadrilha docente, a ser antes de tudo transmissora de conhecimento, articuladora de saberes e ler o mundo diante das imagens que vi e também daquelas que criei.
Porém Suassuna, o anjo de voz engraçada, o disseminador da cultura popular,o teatro/vida, o faz de conta mais que de verdade...me faz chorar. Faz-me chorar por não ter tocado as mãos de quem, sem saber, desenhou um pouco do meu caminho. Aquele que me enfiou , um dia, numa burrinha e me fez interpretar o "Auto da Compadecida" como se fosse um contamento de histórias.
Cada um deles em minha cabeceira, mãos, olhos faz-me rir, tecer novas tramas,poetizar. Cada um foi vital ao meu crescimento, ao pertencimento de minha trajetória na escrita, ao entendimento que descobri nas enxurradas de palavras que me arrastaram ao maravilhoso mundo da prosa, do cerso, do faz de conta.
Que inveja dessa gente que vive no céu!
Que aterra do encantado seja digna de receber a imortalidade dos três.
Viva o Leblon!
Viva O Movimento Armorial!
Viva a esperança!
Boa viagem, meninos! Boa viagem!

quarta-feira, 4 de março de 2015

O SILÊNCIO QUE COMPONHO


                                                       

Estou relendo coisas minhas e me emocionando comigo. Olho a lua coberta por um lençol de nuvens que desenha uma paisagem em minhas retinas e lembro de um beiral de rio que ainda não conheço. Coloro uma cachoeira e fico esperando, silenciosa, pelo tempo da espera.
No meio de tudo há, às vezes, uma espécie de solidão. Ela é inquilina de mim e estou disposta a dar ordem de despejo a essa estranha senhora.
Vou ficar mais um pouquinho destilando essa emoção que minhas próprias palavras me presenteiam,
Tudo na vida tem um porquê, eu sei. O problema é essa minha pressa do agora, é essa minha vontade da troca é esse estranho ser que insiste em fazer morada dentro do vazio que, só eu sei, anda cheio.
Quando o tempo da delicadeza chegou, eu não estava preparada, também sei. Desaprendi a lidar com as surpresas de tão igual estava minha vida, mas vou plantando no orvalho as várias maneiras que conheço de ser feliz e estou.
Estou compondo alguns silêncios e essa melodia novidadeira me toma de maneira tal que fico zonza.
Sei que existe muitas coisas silenciadas nele. Não tenho pressa de sabê-las,mas fico desenhando uma outra de mim que também sou eu, apenas mais tranquila, mais afeita, mais mulher.
Esse meu novo encontro é diferente, há nele mais falacias, mais descobertas, mas não sei se há total verdades.
Pessoas não são tão transparentes- Graças a Deus!-
Estou desconectada de mim. Escrevo sem dar uma linha reta, pois tô meio torta diante de tudo. A única coisa que sei é que estou repleta de eternidades, que guardarei cada instante em um relicário, que a lua, agora,está linda e nítida, que vejo a estrela cadente e faço pedido, como fiz há um tempo o mesmo pedido em sua varanda e fecho os olhos e vejo aquela luz que "ilumia" ,de longe, um casal imaginário que se afaga na distância. Bonita imagem a que seu "cantinho" me dá. Bonito olhar que me toca, prosaica sintonia que nos une, incontestável alegria que me veste quando em seu abraço descanso meu corpo enquanto você beija meus ombros e me presenteia com muitos  espetáculos da natureza.
Bendito todos os instantes em que rio e choro, bendito o dia em que esqueci o medo e prometi a mim mesma ficar mais um pouquinho e, dessa maneira,cá estamos, até hoje.
Tomara você pegar  a parábola nas mãos e se vergar como um bambu, mesmo tendo a falsa eternidade da montanha. Tomara a gente se repetir, repetir até um dia, de verdade, sermos, de todos, diferentes.

Beijo meu!

domingo, 1 de março de 2015

SEI LÁ...UM BRINDE AOS DIAS QUE VIRÃO.

                                                           


Há um monte de histórias em minha cabeça. Elas flutuam loucas e remexem os meus baús. Estou com uma angústia que me aperta o peito e ela tem um nome que está tatuado.
Aprendi, nos últimos meses a ver a vida pelos seus olhos, a prestar atenção nas coisas simples, a me permitir me perder, a saber da chuva, ventos, açudes, porcos , mas confesso, estou com medo. Medo do que não sei decifrar, do humano que não aprendi a lidar, do seco que me deixou no ar depois das flores enviadas. Perdi a mão, será? Sei lá. Tenho essa mania de ser muito impulsiva. Talvez devesse me blindar, mas gente blindada não se conhece direito, penso. Meticulosa ela teme a exposição da alma. Não sei ser assim. Tento, mas não consigo e não me arrependo.
Tenho em minha lembrança um monte de coisas azuis. Meus tons jamais serão cinzas, mas estou pendendo uma ânsia que não gosto.
Escrevo meio perdida. Isso parece confissão, mas é falta de entendimento, acho.
Lembro-me de quando meu olho se viu no teu e gosto disso. Gosto de escrever pensando que, um dia, me lerás e saberás o quão encantada estou, mas estou com medo e o medo nos torna meio obtusos, cegos, melancólicos, prolixos, silenciosos,arredios.
Tenho várias interrogações, mas não as faço com medo de parecer evasiva. Mas como conhecer o outro sem um embate? Não falar me causa uma espécie de sofrimento que beira ao imaturo e por isso me calo.
Por que sofremos quando nos doamos? Deve ser porque projetamos algo que não conseguimos realizar, porque não estamos juntos quando queremos, pelos beijos não trocados e por desejarmos sozinhos aquilo que depende do outro para acontecer, quando, na verdade, deveríamos agradecer pelo que tivemos, por aquilo que ainda é possível viver, por aquela pessoa que nos fez acordar um sentimento adormecido.
Estou fazendo uma faxina em minha alma. Estou limpando os pós deixados em minhas artérias e desentupindo-as de maneira a vir respirar melhor. Estou varrendo dos tapetes toda a sujeira que escondi para que você me receba sem entulhos passados. Não é por você. É por nós, é por mim.
Não quero desperdiçar o que sinto, isso seria egoísta e imprudente, então trato de espanar essa poeira também dos olhos, destampo os ouvidos e tento fazer música pra poder cantar pra gente depois.
Tudo isso pode parecer confuso, mas é um alento pra mim, conversar comigo. Mas no fundo, no fundo é bem um desbarato não fazer isso com você.
Embora sem a tua companhia..."um brinde aos dias que virão."

Beijo meu!



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

DOIDA SENHORA


                                                         
Eis que a liberdade,
Essa senhora sem honra
Me aprisiona o peito
Trancada em mim
Na espera de uma chuva preguiçosa
Que não molha sua terra e me mata.
O que me aquece a noite
Nem é seu corpo
Nem sua alma
Uma lembrança injusta do ontem
se ajusta a minha cela
Há um mistério
guardado em você
Será eu?
Meu corpo quente se esfria e
dói.
Nuvens tão pesadas flutuam no ar
Lua não há
O cheiro do mato
O sonoro canto dos grilos...
Em minhas retinas tudo
Em meu peito
Uma angústia
Uma companhia ausente
Uma ausência
e teus olhos dentro de mim
Antes , durante e depois do gozo
Numa saída demorada
Um riso no meio
E meu corpo que dói
Outra ilusão
Outra vontade de morrer nessa pequena morte
que é o prazer
Eis a liberdade
Essa doida senhora
Que me deixou presa a você.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

QUANDO O NADA É NADA


                                                             

Postagem  pós carnaval com sabor de eterno pra quem sabe ler.
Pois bem, la´vai a minha insone postagem pra quem certamente nunca ousou pegar num  papel e caneta pra anunciar o final da festa.
Digo e repito que, por aqui, acabaram com a folia, mas não com a minha, que vivo embriagada de vontades de ver serpentinas e papelotes no ar.
Não tive isso esse ano. Opção? Nem sei. Acho que paixão. Acho que vontade de ver uma troca, um retiro,um encantamento, uma nuvem no ar, um cheiro de mato.
Fiz do meu carnaval um retiro. A escolha foi boa? Não sei. Quando estamos dois a escolha é a dois, penso. Mas a postagem não será essa. Será pelo: NÃO. Já parou pra pensar em quantas vezes alguém lhe diz :NÃO.?
Não, você nunca pensou, nem eu. O não é o que determina. Depois do não você não tem mais nada, nada, nada. Logo eu tive o que eu quis. Fui onde meu corpo se sentiu à vontade de ir, senti os prazeres que me permiti e vi DEUS.
Não gosto de quem passa pela minha vida e se julga pertencente a ela. Gente, de verdade, vive a deriva , por se saber segura- isso é poesia- mas é fato..
Ainda não consigo pegar o elã da postagem. Tô querendo ser delicada...
Tá difícil, tá muito difícil ser de verdade. Alguma coisa parece me levar pro meio de um não entendimento que é muito óbvio para mim.
Escrevo pra fugir de minha ponderação. Feio. Escrevo pra dizer que não entendo. Que há uma gente sem fé no amor ao meu redor, que ela não soube me amar quando eu queria e que hoje me pedem um amor que não tenho, ou uma tesão que não dou ou....
Escrevo pra falar do Não.
Então vamos lá...
Não vou dizer "eu te amo".
Não quero casar com você.
Não acredito em papai noel, coelhinho da páscoa....mas ...vá ao caralho se alguém depois de passar dias na casinha não julga isso uma troca..
Ser muito vanguarda é estar no detono do mundo, ou seja, atrás.
Eu não quero isso. Ninguém quer isso.
Não posso lhe dar o que já foi, não sinto mais, não quero metades de coisas que me podem inteiras,mas sei que meu desejo não é o do outro.
Quero a totalidade das coisas, mas isso independe da minha vontade, do meu sonho, da minha necessidade de pertencimento.
Achava que tivesse perdido algo que me era essencial, mas hoje não me faz falta, por que, sem querer, num momento de distração, tudo voltou a ser sentido, a ter sentido e eu me encantei como se fosse uma menina. Tudo tão no de repente, tão natural e solar, mas que sei perecível...
Sou intensa demais e isso faz as coisas parecerem mais sérias do que são realmente.
Sim, estou meio perdida nesse novidadeiro. Sei o que o outro é para mim, mas não sei o que sou para ele, assim como não sabia o que era eu para quem se foi de minha alma. O problema é que eu não esqueço as coisas que me machucam. Eu arquivo, e ao fazer isso fico temerosa demais e driblando o medo e insegurança tão presentes em minha vida e de forma não muito significativa.
Não. Não sei o que acontece ainda com o que estou vivendo, mas eu gosto e é bom, muito bom, como foi com você um dia.
Hoje, agora, sei que uma conversa vai me colocar no ponto do equilíbrio novamente. Sei que no depois quero um abraço do "meu homem", um cheiro bom e aquela cara de quem "me tem fácil demais , mas ainda não parece capaz de cuidar do que possui".
Espero que em algum instante ele entenda que não estamos estabelecendo um trato, mas que ser livre também pode ser com um outro e que eu -repito- posso ser quem ele quiser , quantas vezes ele cobiçar, pois existem milhões de nós dentro de mim.



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A DAMA DO ENCANTADO

                                                       

É ela!! Estou de volta com uma das personagens que mais me instiga. Aracy de Almeida!
Sei que grande maioria desconhece a importância dessa intérprete no cenário musical brasileiro. Aracy sempre foi, para mim, uma mulher de personalidade forte, humor fugaz e uma inteligência singular.
Passei horas hoje rearrumando aquilo que já existia, rascunhado o que falta, reescrevendo textos, relendo o "belo Hermínio" e me travestindo espiritualmente dessa mulher.
"O Bloco Vista Cansada" fará, em breve, duas apresentações no Teatro de Bolso com um show lítero-musical em homenagem a essa destemida senhora.
Sambista carioca de grande projeção na década de 30, um expoente da música popular brasileira. Intérprete das antológicas composições de Noel Rosa, que nela se inspirou ao criar 'Seu Sorriso de Criança' em 1933. Seu amigo pessoal, ele reconhecia na cantora uma perfeita representante de sua obra, tendo sido ela a primeira a gravar 'O X do Problema' e 'Palpite Infeliz', em 1936. Seguiram-se 'Tenha Pena de Mim' em 1938, 'Miau...Miau' e 'Caramurú' em 1939, 'Passarinho do Relógio' em 1940 e 'Passo do Canguru' em 1941. Com uma voz fraca, adequada ao tom intimista de seus sambas, mas que nada tinha a ver com a moda da época, onde brilhavam os cantores de voz potente, Aracy se tornou porta-voz oficial da poesia de Noel nos discos e nos palcos. Combinando emoção e brejeirice, suas interpretações do compositor foram insuperáveis.

Para ela, Ary Barroso fez 'Camisa Amarela'. Aracy Teles de Almeida gravou seu último disco em 1965, de um total de 400 gravações. Nasceu no subúrbio de Encantado, filha de um pastor protestante que era chefe de trens na Central do Brasil, e começou a cantar na Igreja Batista do Méier. Estreou no rádio em 1932, na PRC8. Depois dos primeiros elogios, passou para o programa Francisco Alves, convidada pelo popular cantor. Esteve nas rádios Ipanema, Cruzeiro e na Mayrink Veiga. Em 1935, era fundada a Transmissora e Aracy ingressava em seu elenco. Já então, deixando a Colúmbia, passou a gravar na RCA Victor. Fez sua primeira excursão ao sul do país nessa época, voltando para a Mayrink. Considerada a representante natural do samba, conheceu Noel em 1933 e se tornaram grandes amigos. A partir da década de 70, não mais em evidência e vendo que a MPB tomava outros caminhos, apesar da notável carreira musical que trilhou, abandonou a profissão de cantora e passou a integrar a equipe de jurados do programa Silvio Santos. Usava uma gíria curiosa e essa tornou-se sua principal característica.

Vivia com seus cachorros num casarão no Encantado, o mesmo bairro onde nascera. Trechos de sua entrevista concedida à revista Realidade, de outubro de 1968: 'Uma vez, o Kid Pepe me encostou uma faca deste tamanho na barriga, querendo me obrigar a gravar uma batucada de autoria dele, chamada "O que Tem, Iaiá". E eu gravei, compadre, com a faca na barriga e tudo... O Mario fica doido de raiva quando eu digo, mas a idéia da "Amélia" fui eu quem deu. Um dia, sugeri uma frase, "Amélia é que era mulher de verdade", ao Wilson Batista. Ele disse que andava sem tempo para compor e então o Ataulfo, que estava perto, pediu a frase para o Mario, e o samba foi feito. Tem mais. Dou até o local onde aconteceu: na Leiteria Nevada, ali na rua Bittencourt da Silva. Na esquina ficava o café Nice... Veja. Eu moro lá longe, tenho as minhas cachorrinhas de estimação e não preciso me aborrecer pra trabalhar. Já enjoei de cantar e tem mais: o ambiente não ajuda, e no momento o mingau anda grosso demais... A Marília Batista é uma boa intérprete, meu filho. Mas claro. O que tem o seguinte: quem é que sabe, hoje em dia, onde está Marilia Batista?... Solteira, sim. até hoje. Acho esse babado de casamento uma onda bastante enrolada. No começo, são flores e mais flores. Depois, pedras e espinhos. É a rotina, não é, filhinho? Todo o dia a mesma toalha, o mesmo sabonete. É fogo. Além do que, esse assunto é maçante. Vamos deixar para o próximo número'. Aracy morreu aos 73 anos, em 22 de junho de 1988. 
Com causos, harmonia e cantoria faremos a nossa apresentação.
Agradeço ,desde já, ao Conselho Municipal de Cultura por nos confiar essa ousadia.
Simbora cantar!

                     

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

MÃE CUJOS FILHOS SÃO PEIXES

Ventarolas nas mãos
A mãe d'água salva seus filhos
Beleza rara
Sentimentais intenções
Yemanjá nos abençoa nesse dia
O mar
O amar
Elementos tão pontuais nas suas aparições
Dois de fevereiro é dia de Janaína
A menina dos olhos de Olokum
A guardiã das águas
A Nossa Senhora dos Navegantes
Aquela que guardou em suas saias os raios de sol
Salvando a terra da escuridão
Ventarolas nas mãos
Protegendo os mortais
Odó Iyá!!
Ilumine nossos dias
Proteja as águas do mar
Tenha misericórdia dos filhos teus
Minha sereia!!
Flores brancas, água-marinha
Salve , Salve!!
Minha rainha!!

SEJA LÁ QUEM TE MANDOU...MINHA ALMA TE RECEBEU

                                                 

Ele nem sabe
Mas se fez eterno.
Destrancou portas nunca abertas em mim.
Escandalizou meus sinais.
Nem disse a que veio,
Ficou.
Está.
Na ausência, está.
Deixou seu cheiro,
Perpetuou a sua respiração,
Não teceu promessas,
Não estabeleceu regras.
Some
Não me assume em rótulos,
Mas também não me deixa solta.
Sou um cão
Quando encantada
Me rendo ao outro
Sem dúvidas.
Guardo os medos pra depois.
Por agora...
Seu jeito indecifrável
Me acalma.
Por hoje sua chegada
Me sacia.
Mas, moço, não sou tão menina
A mulher que habita em mim
Precisa de verso
Com ou sem rima
Então...pode entrar em meus espaços
mas não os deixe sem recados
Não faça de conta que tá tudo acertado
Faço um trato com o tempo
Danço carnaval no meu quarto
Pra na segunda-feira
você me pegar de quatro.
Sou tua,
Você é meu.
Tá combinado.
O peso de teu corpo me acalma
Então....pode descansar
Te espero pro próximo debate
Te encontro com uma lua no céu
de fim de tarde
Te prometo não prometer nada
Além daquilo que você se permite
Me dar
Pode voltar e fazer ceder a minha febre
Pode me acostumar ao seu peito
Ao seu jeito
Com você fico à vontade
Dobro joelhos
pra no depois você descansar no
meu corpo-leito.
Com você perco o sono
Fico doida
Diálogo comigo
Exercito o melhor de mim
Mas sou mulher
Não se esqueça
Não quero ser seu porto, apenas.
Quero ser seu albergue da juventude
Sua mais nova aventura.
Continue se vestindo com descaso
mantenha comigo esse caso
Ninguém sabe de nós
Além de nós
Esse segredo é nosso.
Mantenha essa delicadeza e esse domínio
Seja meu amante , nunca meu filho, jamais meu pai
Fale no meu ouvido aquelas bobagens roucas...
Experimente, por um tempo, se permitir
E me enamorar.
Saiba..o que me prende é o seu mistério
A paz que me oferece
O tormento que me provoca
Seja o que você é
Serei o que sou
Você nem sabe das portas que abriu
Das janelas que me deixou
Você nem sabe, mas te conto, em braile,
No seu corpo cada coisa que em mim
Você despertou.

Beijo meu!



sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O ANEL QUE TU ME DESTE ...ERA VIDRO E SE QUEBROU

                                                                   

Eu tive dezesseis anos e chorava.
 Eu tive vinte anos e dançava.
Eu tive vinte e três anos e paria sem perder o riso ou a história. Sentia e suava cada fato das coisas.
Sabia, de maneira indesejável,
que a vida não me seria fácil ,
mas fui difícil diante da vida.
O que me tornou mortal.
Não soube do sal antes de chorar e, até o hoje, o doce não foi colocado em minha boca .
Remediei palavras ,
Suportei doenças e vi que nada era o que de fato parecia ser
 ...nada foi,nada era.
Suei, suei inerte na procura dos meus 30 anos e errei como erro aos quase cinquenta.
 Minha sina é não desistir.
Minha sina é persistir no acerto.
É ter de frente as falsas verdades .
Eu tive dezesseis anos e a vida me mostrava um mar de ondas num pontal que não existe.
Eu tive dezesseis anos e os meninos eram lindos e não me olhavam.
Eu tive dezesseis anos natos, natiformes, desformes,humanos e iguais.
Eu vivi dezesseis anos aos trinta e nem chorei.
Carrego uma adolescência sábia.
Uma velhice do porvir
uma história de décadas pra entender
uma cisma do nada que contém tudo
uma verdade tão de mentira que eu acredito
um quase
um tudo
um medo
uma lua
um ser que já foi...
uma saudade...
um porre...
Um Caio
Um Fernando
Um eu nem faço verso
Um eu estou no escuro
Meus dezesseis anos
já se foram...
E eu ainda
Me vejo
correndo
num quintal atrás do que nem fui
Mas ...sou...só...sol...só...
Essa lua...
Que me rouba..
E que é minha.
Anos depois dos dezesseis ele me roubou
Mas ...
é minha!!!
E eu estou a anos luz...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

DEDICADO A VOCÊ.





Há tempos não escrevo. Nada. Absolutamente nada. Sinto-me como se tivesse perdido a mão da escrita, a vontade de compartilhar o que penso ou, simplesmente, uma invasão de vazio que me enche desse mesmo nada.
Sei que escrever é mais de transpiração que inspiração. Sei que sou movida sempre por uma coisa ou alguém ,ou necessidade que parece não se estabelecer em mim.
Não nego que tenho visto coisas lindas e pontuais, assistido espetáculos cuja beleza e tratamento me roubam a respiração. Mas não sei como descrever o sentimento que eles me proporcionaram durante e depois de assisti-los.
Fui a lugares lindos, mágicos, todos que já conhecia, mas fui com um outro olhar e em especial companhia.
Talvez tenha encontrado o "mote" dessa escrita! O encontro, ou reencontro, ou essa sensação imponderável de sentir de novo, de me entregar de novo, de libertar essa menina aventureira que estava tão escondida em mim, misturando matizes que eu mesma nem lembrava.
Nada há de mais atraente que a generosidade de um homem. Um homem que se permite ser seu, sorrir junto e dentro, tecer infinitas conversas e ainda te cobrir com o próprio corpo que andava distraído e esquecido. Esse homem merece um troféu de "lindo".
Esse homem tem qualidades muitas e defeitos múltiplos. Desconfiado, aliás, desconfiadíssimo, cheio de olhares internos, medos transbordantes, singulares questionamentos que ele mesmo não se atreve a responder. Humano. Emocionalmente humano, tranquilo e rude. Faz amor como poucos, tem raras variações de desejo e sabe perfeitamente bem como agradar a uma Oxum, Maria, Madalena, Salomé, Penélope e todas essas "Deusas" que habitam dentro de mim. Ele nem imagina, mas com ele eu passaria horas, dias, meses, anos e milímetros de segundos de mãos dadas em destemidos mergulhos dentro de nós. Ele nem imagina que quando me olha, me molha. Ele nem imagina que passo tempos e tempos olhando para um telefone que não toca pra conservar, dentro da minha pele já exposta, essa adolescente que ele jura que não namora.
Não sei  não, mas desde a noite que meu olho se viu no dele, aquilo que em quase 50 anos, pra mim não existia, cravou em meu peito uma espécie de flecha só pra eu acreditar que o "emaconhado" do cupido existe. Desde aquela noite um incêndio tomou conta do meu corpo e por alguns instantes nós nos extinguimos nessas queimações. É possível amar depois dos quarenta. Não duvidem. É possível e dá saudades na ausência, causa impaciência, mas deixa distante os medos, torna desnecessários certos arroubos, mas não se pode desperdiçar a atenção, a presença, a constância... 
Preciso descobrir um jeito de fazê-lo enxergar essa Afrodite de prazeres que há em mim. Preciso que ele não se assuste com a facilidade que tenho de assumir o que sinto. Será que ele sabe que eu existo?
Crio e rio do que vou desenhando como realidade. Sou mesmo um ser que escapole aos dedos. Aos meus próprios dedos.
Será que ele imagina que sou na medida certa, que parei de fumar por medo, que amei outros homens e me esqueci deles, que não tenho a menor vocação para cárcere, que me encarrego de cuidar da minha vida, mas que não dou conta, que lembro, perfeitamente, da primeira vez que transei, mas confesso que a última foi a melhor, que adoro Dolores Duran, Dalva de Oliveira e Aracy de Almeida? Será que ele imagina que fico esperando uma reação menos óbvia, que a desconfiança embrutece e que o "euqueroestarcomvocê", não é pacto de "parasempre"?
Será que ele entende que já dormi com Frank Sinatra, Chico Buarque e Tom Jobim e que isso me tornou uma santa?
Será que ele desconfia que há lugares em mim nunca dantes explorados e ele habitou sem me pedir licença  me deixando com a alma em êxtase?
Tantas  coisas queria conversar, fazer versos, cantarolar.
Fico pensando na máxima:"só se ama aquilo que não se tem". Não quero "ter", quero sentir, trocar, nos lapidar. Quero ver sol nascer pela janela de seu quarto no sítio, quero acordar com o peso de suas pernas enfiadas nas minhas e tornar a dormir tranquila por sabê-lo ali.
Na minha embriaguez feminina, talvez eu queira simplesmente dizer que pode valer a pena, que o que passou, passou, que pessoas são únicas e que eu te permito dormir com todas as mulheres que existem... dentro de mim, mas não demore tanto, pois elas são muitas e eu estou disposta a te entregar cada uma.



Beijo meu!

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