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terça-feira, 12 de maio de 2015

MAKTUB




Destino é quando a gente não desenha a vida e qualquer possibilidade é só o entorno.
Desencontro é quando o entorno não foi possibilidade e o destino esqueceu de nos desenhar.
Experiência é o nome que damos aos nossos erros.
Erros são descartáveis experiências que no permitimos passar.
Passar é verbo intransitivo.Passará.
Verbalizar é entrar em comunhão com o outro.
Calar é não ser capaz de externar o que  lhe pertence.
Poesia é um verso preso na garganta que sai feito trovão.
Saudade é quando a gente mata, assume e o morto demora pra morrer.
Morrer é quando a gente não sabe o que fazer com a respiração e a vida sopra pra um lugar que transita entre a calmaria e a agitação,prendendo suas retinas em pontos pretos e brancos no verde tecido pela folhagem.
Adeus é pros dias cinzas- como esse-.
E ...para sempre...
"Para sempre é sempre por um triz"

segunda-feira, 11 de maio de 2015

DO VALE DA MINHA PERDIÇÃO




O que tem depois da montanha?
Que pedra me dará flor?
Em que vale minha vida vale mais
Que essa que te ofereço?
Em que trilha perdi meu caminho
Quando em vão buscava o que guardas?
Pássaros imensos sobrevoam minha cabeça
Eles nem sabem quem é Deus
E aparentam mais fé do que eu
A intimidade
A transgressão
O abotoamento do tempo
O descaso
O atraso
Tudo estava em seu lugar
Só eu não via
Só eu fingia não ver
Só eu não queria entender
"Escrever é minha salvação"
Errei...
Não percebi que aqueles instantes
tão nossos eram,
na verdade mais meus
Errei quando ele ocupou o espaço
Que era de Deus.

BOA VIAGEM



                                                                           
Dizem que o céu é o lugar que vive a gente que já morreu... Deve existir por lá também uma gente invejosa,diga-se de passagem. Gente que rouba de uma única vez, não apenas um, mas três dois nossos melhores contadores de "era uma vez".
Nunca fui ao Recife de verdade, fisicamente dizendo, nunca fui em corpo, mas cada vez que lia Suassuna criava um reino onde eu era uma mulher vestida de sol, que ria com a moeda usada na viagem. Ria porque era uma moeda descomida por um gato.
Suassuna nunca deixou órfão seu menino. Desfilava seu moleque elétrico com frases destemidas em toda entrevista.
Sempre me orgulhei dele. Sempre me orgulhei de ter um escritor, dramaturgo, professor e figura essencialmente humana e nua, nascedora neste universo/país.
Ler Suassuna é voar, é ser de todo lugar, é saber-se parte de uma história...
Senti-me três vezes viúva nessa última semana. João Ubaldo visita a minha cama com seu riso bonachão, seu boi holandês que de tão cheio de meandros para cobrir uma vaca, até parece que ao sair de cima das ancas da dita parece agradecer...
Rubem Alves,muito teórico,educacionalmente didático com sentimento teoria e prática ensina-me diariamente a não olhar meu ofício como sacerdócio, a não me fazer refém de uma quadrilha docente, a ser antes de tudo transmissora de conhecimento, articuladora de saberes e ler o mundo diante das imagens que vi e também daquelas que criei.
Porém Suassuna, o anjo de voz engraçada, o disseminador da cultura popular,o teatro/vida, o faz de conta mais que de verdade...me faz chorar. Faz-me chorar por não ter tocado as mãos de quem, sem saber, desenhou um pouco do meu caminho. Aquele que me enfiou , um dia, numa burrinha e me fez interpretar o "Auto da Compadecida" como se fosse um contamento de histórias.
Cada um deles em minha cabeceira, mãos, olhos faz-me rir, tecer novas tramas,poetizar. Cada um foi vital ao meu crescimento, ao pertencimento de minha trajetória na escrita, ao entendimento que descobri nas enxurradas de palavras que me arrastaram ao maravilhoso mundo da prosa, do cerso, do faz de conta.
Que inveja dessa gente que vive no céu!
Que aterra do encantado seja digna de receber a imortalidade dos três.
Viva o Leblon!
Viva O Movimento Armorial!
Viva a esperança!
Boa viagem, meninos! Boa viagem!

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