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quarta-feira, 14 de maio de 2014

AMAR É UM BALÉ, NÃO?

                                                                         
Às vezes o tempo nos faz perder a mão- da escrita- , às vezes nos faz perder o prumo- da vida-, às vezes nos faz ganhar mais alma e nos faz ter o tempo de silêncio como aliado, ou nada disso nos leva ao encontro do outro , mas ,certamente, acaba por nos jogar nos braços de nós mesmos, mesmo em lençóis turvos e passageiros.
Perdi o que me era tão sagrado do meu dentro, perdi o o fio condutor de mim.
Quando isso acontece um hiato interior nos refoga o peito e deixa meio que insensível o órgão vital- no meu caso o coração- e a caminhada perde um pouco o brilho.
Sou movida à paixões e não me encabulo disso. Não sei viver sem estar excitada com a minha existência, sem estar conectada com a ambição da felicidade própria de dois. Sei que é possível ser feliz sozinho, mas, convenhamos, que rir junto é melhor, fazer planos de construção de uma história juntos, é melhor. Viver é intransitivo. Amar é intransitivo, mas a transitividade dos verbos exigindo seus complementos é algo real e não é indolor quando há a morte de um romance, mesmo que ele não tenha sido sentido a dois.
Revirei meus baús de bens guardados e encontrei fotos e fatos nunca revelados, senti medo, saudades, vontades de ter vivido o que não me permiti, mas entendo que a vida é feita mais de ensaios que de estreias e vou seguindo- por enquanto- na coxia de mim.
Depois de algum tempo em imersão segui meu instinto de fêmea e ,não em vão, rompi mão do meu ostracismo e abri bocas e pernas num balé quase esquecido por mim. Amar é um balé, não? Mesmo quando não há amor o ato de entrega é uma dança a ser guardada e que no dia depois fica com sombras em nossa alma e cheiro em nosso corpo, pois nos dá a sensação de vida, de quase paz. O difícil é que nos impuseram uma certa posição que não nos é real, que não pode ser lida como vulgar. Quando quero, desejo ou me entrego a alguém não é apenas para me provar ou me premiar pelo ocorrido, é que no meu dentro isso já tinha acontecido e optei pelo instante para não permanecer inerte ao que já foi antes de ter sido.
Assim é comigo e assim -penso- deveria ser...um estado de mais, de novamente, de tentativas, de conhecimento ou reconhecimento, para que nenhum sentisse o desamparo, a dúvida, o eco do medo que vez ou outra nos grita no escuro. Deveria ser clara e luminosa a confluência de nossos rios, o término do gozo e a volta para casa.
Ontem convidei a lua para fazer as pazes com minha poesia, liberei o ar que me mantinha encarcerada e dancei - mesmo que deitada- e abandonei de vez as pseudo-regras que mantinham ingênuo o meu sonso coração. Fui mais, fui além. Disse sim e aguardo esse silêncio -que te diz respeito- ser mais uma vez quebrado para que , se intenso for, possamos nos usar como quem se comove sem covardia, como quem sabe diferenciar amor e loucura, como quem é impetuoso e sabe que o que sente, não tem cura.

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