Poderia ficar calada, mas um troço de doido me alvoroça a alma e me faz escrever. Ainda não sei o que, mas vou tentando.
Um dia, disse-me um moço, a vida será muito diferente. Poderemos quebrar muros , construir pontes, fazer uma orgia parecer missa...ele se foi...levou o meu melhor. Penso que não há história pior que história sem fim, mas quem os escreve?
Parti para uma aventura que até conhecia o enredo, mas fui. Sou do tipo que "invade, arde e fim..." sou assim.
A cabeça pipoca doida nessa hora da manhã. Quero muito, quero tudo, posso um monte de coisas que não devo e, ainda assim , as quero. Fazer o quê com isso tudo, diz? Queria ser igual a todo mundo, queria ser um pouco do que penso, mas movida por conceitos também eu me rotulo, me emblemo e aos poucos me engesso. Nem sei mais o que quero, penso ou faço. Teço, nesse final de noite, uma invernada em mim. Cá estou, sem paixão- o sentimento é outro- sem entendimento, com um monte de coisas que me permiti ser sem ser.
Que coisa essa coisa de se sentir coisa de um momento para o outro.
Me releio e vejo que deve ser muito difícil me entender. Sou muito fragmentada. Corra de mim. Sou toda em pedaços. Inteira. Isso deve ser muito ruim pra quem quer me decifrar, eu que nem sou enigma...sou mar. Hora sal, hora onda, hora marola, hora...assim, como quem passa pra molhar seus pés, pra lamber sua calma, pra te fazer olhar pra mim e você nem me encara, de longe me fala e eu sou tão despassarada que não lhe posso escutar, pois o que me dizes é nada, é ilusão, é desejo, é bagunça, é quase compulsão.
Não sei em que momento nos olhamos, mas devia ser um instante antes de ressuscitar as nossas histórias. Tocamos - covardemente- os lábios- deveria ter sido isso apenas- e depois fizemos contatos e afinamos os nossos tratos.
Dá pra mim de volta o que já ofereci a outros e esses recusaram? Me primavera pra mim, antes que o verão arrebente a minha casa de outonos? Não sei o que se passa, mas quando passar , por favor, não me inverne mais.
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