Oh! Poeta
Como és inquieta
Vive colocando
Seus versos em linhas
Tensas e adimiráveis
Aquieta-te a alma
Descansa teus pensamentos
Acalenta teu sono
Ele clama por um minuto
De silêncio
Oque fazes com teu corpo?
Não sabes que ele é o templo de tua alma?
Relaxe, mergulhe no oceano
Namore com as nuvens
As flores te esperam
As rosas querem te desenhar
Serias um belo jardim
Pensa! Quantos espirítos contemplariam-te
Hoje é apenas uma passagem
As horas se vão
O relógio não para...Eu sei
Vamos tecendo nossos sonhos aqui
Nossos desejos clamam liberdade
Querem criar asas e voar, voar e voar!
Não perdeste o contato com nada
Tu respiras
Sente
Cheira
Tem sede
Fome
Onde está acomida, agora?
Perdestes os sentidos
Tua ânsia freia o imaginário
Vem!
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quinta-feira, 29 de novembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Os Três Mal- Amados
Não sei se agradeço, não sei se peço perdão, mas a noite de ontem foi de reencontros. Fiz um estágio na nossa terça sem lei. Fui, mais uma vez, fora da lei. Me beijei inteira, fui abraçada e alvoroçada pelos que não via há alguns meses e descobri que estava com muita, muita,muita saudade de mim. Falei , falei, falei muito e descobri que minha fala estava contida, reprimida...por mim, pela minha doidice de querer parecer sã- rsrsrrs- e lá veio meu velho Demo pra me fazer , mais uma vez, perceber o óbvio- coisa pra outra postagem-.
As conversas- muitas- até quase agora- como sou irresponsável quando feliz- me fizeram repensar tantas das muitas coisas. Fiquei querendo saber onde eu me enfiara e não descobri ainda, pois acho que estava dando uma morridinha de mim só pra me acordar assim com uma certeza, quase absoluta, de que posso ser eu mesma e me deixar fluir...
Nas conversas que permearam a noite, madrugada e alvorada muitas poesias saltaram de nossas bocas, muitas músicas foram relembradas e dançadas- nossa!! como estava precisando dançar- muitas loucuras foram abençoadas e dentre elas apareceu uma poesia do João Cabral de Melo Neto que me fez perceber o quanto me desviei de mim e a causa disso que , hoje, não é mais. Confuso não? Mas eu entendo e isso basta.
Os Três Mal-Amados
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
Valeu Nanda ! Valeu pelos poemas, pelas músicas, pelo riso fácil, pelo encontro com todos...Valeu!
terça-feira, 27 de novembro de 2012
NÃO FOI NADA
Vou ensaiando versos para minha próxima invernada.
Perdi a hora e a palavra
Perdi o contato com minha escrita.
Estou calada
Boca
Peito
Sexo
Tudo se cala e me convence
- não foi nada-
Estou sendo boicotada por mim
Não gosto
Ser intesa tem seus rasos
Suas tramas e insatisfações
Vejo meus planos futuros
-quando não há futuro-
Se estilhaçarem,
Batendo em meus comodos internos
Fazendo uma mudança
Sem me dar satisfação
Eu mesma financio essa, quase, tortura
Eu mesma pingo em minha testa
Gotas de descaso
Sei que não há acaso
Mas eu não vou me comover
Quem saqueou minha alma
Abandonou o caminho
Robou-me o senso
Atropelou minha serenidade
Certamente, pedirá minha calma
Não vou revelar
Nada
Não vou intitular nada
Vou tecer novas e antigas jornadas
Em mim
Para mim
Que não me abandono
Pra mim que fez passeio
Com um cão sem dono
Cão que me latia ilusão
Cão...
Os estragos estão na cara
Os desperdícios estão na alma
Vou me deixando congelar
O Diabo, que mora em mim,
Envelheceu um tanto mais
E ele só é Diabo porque velho
E o cão, certamente, me dirá
- não foi nada-
Ainda nem sei o que perdi
Ainda não sei se perdi
Talvez, no fim
Eu tenha ganhado
Perdi a palavra
O som de meu pensamento
o ruido sensual de um click
Depois ganhei a nova estrada
Onde tenho que me doar
Na minha suite
Na minha, estou fechada
Calada,
Acordada.
Não há culpados, nem vitimados
Apenas o sentimento que me habitou
Vagou sozinho por um tempo
E de remexer meus conceitos
Me fez enchergar seus defeitos
E hoje, aqui, onde ele - o quase nada-
Já habitou
Restam frascos e comprimidos
Ficam em meu cardápio
As refeições que necessito
Suor,
Lágrima,
Gozo e
Sangue
O meu mundo pode até ruir
Mas que seja como água
Pra eu me reconstruir.
Seguirei cumprindo
Minha sina
E no fim
- não foi nada-
Das Preta.
PS: Para minha querida e sincera amiga cheia de "brutalidades", mas que sabe, como ninguém, me escutar e me fazer repensar e dizer minhas verdades mesmo quando não as quero ouvir.
Pela conversa de ontem, pelo o encontro de sempre.
Valeu tudo Nanda. Vale eternamente.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
COMO ANJO
Preciso ficar acordado
Pois assim eu velo o teu desejo
Contemplo a sua loucura
E desperto o seu equilibrio
Apenas me retraio aos teus encantos
Por entender não pertecerem a mim
Encantos sedutores e vorazes
Não quero ser um barco à deriva
Em seu oceano
Ainda sou o comandante dessa embarcação
Sou seu anjo protetor
Preciso ficar acordado e atento
Sua alma sempre se desprende para voos matinais
Por que essa pressa??
Onde quer chegar? Pra que se enganar?
Sou ainda menino, travesso, mas menino
Fico espantado com seu volume de ideias
Ainda estou aprendendo a dialogar com sua alma
Espere um pouco
Deixa eu respirar
Preciso voltar a manter o leme
Pra você não se afogar
Avisto os corais
Ou será um grande iceberg
O coração de quem não soube te amar?
Morena com o olhar de sereia
Tu és mais envolvente que teu próprio canto
Preciso ficar atento
Você às vezes me parece triste
Escreve triste
Exala uma certa busca
Daquilo que não existe
Mas isso é só pra chamar minha atenção
Já te disse preciso retomar o leme
Pra te presentear
Pra que não percas mais
O comando de teu barco
Para que não abandones os marujos dessa viagem
São eles que guiam os sonhos...
Preciso ficar acordado
Não posso dormir
Entende...
Não posso ser teu empréstimo
Pois o saldo, pra mim, está negativado
O mundo está prestes a acabar
Como pagaria e em seguda devolveria-me?
Mas façamos um trato
Isso eu faço
Juro!!
Permito-me ancorar o barco
Atrasar o relógio
E ao invés de já chegar para dormir
Vamos sentar nos jardins dos sonhos
Contemplando as cores
Avistaremos o desejo
Pediremos permissão aos Deuses
E assim nos transformaremos
Com a vestimenta azul
Seremos lendas
E sem medo colocarei não só as mãos
Mas todo o meu corpo dentro do seu
Com perfeição
Te levarei pra conhecer mundos invisíveis
Nem medo, Nem assombro
Nem desespero, Nem indiferença
E quanto aos demônios
Fica tranquila...
Serei seu anjo
E anjos precisam ficar acordados e atentos
Por isso não posso dormir...
E só por não poder ser esse "cadin"
Não aceito teu convite
Mas com isso ...sonho.
Serpa
PS: Há algum tempo que eu e meu amigo, Serpa, criamos diálogos para nossa escrita. Essa foi a resposta que ele fez para o meu poema" Vem dormir comigo hoje"... Espero que meu mundo não se acabe, por enquanto, e que dormir continue sendo um prazeroso brinquedo.
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