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quarta-feira, 24 de abril de 2019

O TEMPO






Retornar é sempre um desafio.Retomar uma escrita que parece cansada é descortinar um tempo. Não escrevo publicamente há tempos.Acho que sou movida à alegria e os novos tempos, com esse fétido hálito de velho, tem me roubado o destino de ser melhor, ou crer no melhor. Por outro lado, tem fincado meus pés em mim. Em territórios que nunca ousei penetrar por saber-me lá no dentro. A vida
está em estado de alerta. Todos os dias parece que alguém sacode meu tronco e as folhas todas são jogadas ao chão e os frutos não amadurecem. Tempos difíceis esses. Tempos de socos e porradas, tempos de famílias alvejadas, tempos de negros empoderados e capitães do mato fardados.
Poderia escrever sobre muitas coisas nessa minha tentativa de retornar, mas parece que as cinzas das horas, a bestialidade do tempo e o desafeto estão no poder. Isso azeda a escrita.
No entanto, os dias não estão assim por motivos cosmopolitas. Minha dor não sai no jornal, mas vira manchete na rede social. Não quero escrever sobre a "besta-bozo",mas parece uma praga. Tudo está, de alguma forma, ligado a esse desgoverno. Acordamos um belo dia e descobrimos que dormimos com vários inimigos. Que coisa insuportável nos encarar de forma desconfiada. Estamos desconfiando de tudo e de todos. A banalidade do mal foi instalada no vácuo do pensamento e a violência foi naturalizada.
Sinto-me violentada. Todo dia. No trabalho, na rua , na padaria.
Escuto algumas pessoas dizendo que estão anestesiadas e que não se surpreendem com nada. Um bando de gente por aí levantando a bandeira da crueldade e um outro bando inerte enquanto a reforma da previdência vai sendo aprovada.
Morrem Claúdias, Margaridas, Marielles. Até quando? Não lembramos os nomes das vítimas desse ano, né? Também não lembramos em quem votamos para vereador e deputado e senador. Estamos sem tempo de nos dar tempo para rever nossas escolhas. Estou sem tempo de escrever ou estou com medo de me comprometer? Estarei pagando uma divida que não vim ao mundo para pagar?
O tempo anda temperando meu pranto com aquilo que me falta e com o menos que tenho tanto.
Quero acrediar no homem. Não quero acreditar em esquerda ou direita.Perdemos uma possibilidade de fazer história.Não tem jeito. A fratura será exposta.Está sendo posta a prova. O tempo me fez reconhecer que não há idoneidade naqueles que representam o povo. O tempo está amargando o meu tempo,mas eu creio no homem.
Acho que era pra isso essa postagem.Pra dizer que creio no homem.
Então,HOMENS!! Ainda temos tempo! Sejamos sábios e façamos o nosso papel.Sejamos juntos.Ainda temos um TEMPO!

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