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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Gerúndico



Passei horas escrevendo. Teclava com uma amiga mais que querida, chorava minhas dores, me via feliz com a existência da minha história..vivia enquanto a vida corria pelas minhas veias e meu coração teimava em esquecer de ser confete.
Então, nos despedimos...e fui dar mais uma espiada na postagens. Encontro um poema -que posto aqui-. 
Quantas palavras ficaram pelas portas, janelas e seres daquela casa. Éramos os mais livres seres daquele Farol de São Tomé. Éramos livres em Alcatraz. Rica lembrança. 
Obrigada, amigo. Que bálsamo para minha alma tão gasta. Que grata sou eu por você existir.

O poema que encerra esta postagem foi escrito para uma atriz, para uma intérprete, para uma querida amiga. Ela só vai ficar sabendo quando acordar e ler a mensagem que deixei no seu whatsap.
Certa feita, em Alcatraz, escrevia um poema, depois outro e mais outro. De repente todo mundo naquela casa foi tomado por poemas. Forte a lembrança daquela casa, forte a lembrança de Mário, forte a lembrança de um pedaço de papel contendo palavras de um pequeno poema que começava assim:

Tive úlceras à noite toda
Não tenho mais esse poema, não temos mais Mário, acho que nem a casa existe mais...
Costumava escrever e espalhar meus poemas, já não tão meus, por entre amigos e gente estranha. Carinhosamente suspeito que as metafóricas úlceras foram parar em suas mãos, quiçá no seu coração.
Não importa onde estejam agora! Importa que escrevi este poema gerúndico pra você:
continue
andando
caminhando
pedalando
continue
correndo
continue
falando
cantando
gritando
continue
vivendo
continue
dançando
pulando
voando
continue
vendo
que tudo
fica pra
trás
quando
agente
avança
mais
continue
porque
dor que
não dói
doendo
é morte
na certa
matando
continue
continue
porque
dor que
dói de dor
doendo
é morte
na certa
morrendo
continue
continue
continue
porque
vida se
vive vi
vendo
que tudo
passa
acaba
some
d
es
a
par
ec
e
nd
o
.
Joilson Bessa
Campos dos Goytacazes
18/01/17
Poema escrito para Adriana Medeiros.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

"CATANDO", DE SÃO TOMÉ, AS LETRAS






Há cerca de um mês, mais ou menos, conversava com um amigo sobre conhecer algum lugar diferente nas férias. Ele respondeu que gostaria de ir à Araxá- cidade do interior de Minas- . Achei a ideia fantástica e coloquei-me à disposição para pesquisar o lugar.Tudo certo até aí. Tudo certo se eu não me encontrasse com outro amigo e dissesse pra ele que iria conhecer São tomé da Letras em algum fim de semana do feriado. Ele prontamente disse que adoraria conhecer São Tomé... De onde tirei isso? A cidade em questão não seria Araxá? Que diabo me levou a trocar o nome da cidade? Que colorido buscava minha alma quando me traiu de forma tão inusitada? Talvez estivéssemos todos traçados pelo cosmos a ter um encontro com aquele lugar. Talvez no fundo, no fundo apenas eu tivesse tatuada em minha memória alguma informação a respeito do magnetismo daquele portal.
Vou tentar narrar a nossa saga desde o momento da nossa saída. Nos encontramos por volta da 5;30h e tomamos o nosso caminho.Na bagagem, além de roupas, eu levava um embrulho dentro de minha alma, um sentimento que desejava não mais sentir ou carregar,mas havia me feito a promessa de deixá-lo pelo caminho tamanho tempo que ele fazia morada em mim. No carro ouvíamos música cubana, conversávamos e riamos dos cachorros que estavam conosco na viagem. A vida na estrada me encanta.De certo é essa cigana que habita meus espaços e que implora sempre por uma paisagem novidadeira. O caminho é lindo. Enquanto amanhece podemos ver as montanhas sendo desenhadas à "modi" perder de vista. Não há nada no mundo melhor do que a sensação de liberdade que compartilhamos em uma descoberta de destino. A felicidade transforma-se  naquela coisa meio clandestina, meio feita em horinhas de descuido. Estávamos alimentando nossas expectativas. 
Falar de todo o trajeto seria um engodo. Há coisas mais interessantes a serem descritas. Penso. 
Seguíamos um amigo muito amado que levava com ele um GPS e, o mais importante de tudo,um copiloto. Não nos perdemos- não na ida-, atravessamos uma estrada que mais parecia um rally,mas sobrevivemos . Paramos em uma dessas "birosquinhas" de beira de estrada. O cheiro de verde tomava conta do ar, o âmbar da terra e o azul do céu bordavam minhas retinas e eu ia aos poucos me livrando do peso. 
Pedimos uma cerveja.O sotaque do dono do estabelecimento nos dava a certeza de que já estávamos em terras mineiras, sô.
Mais um trajeto percorrido até a nossa entrada na pequena , montanhosa e poética São Tomé das Letras. 
Confesso que fiquei um tanto quanto surpresa. Aquele lugar não cabia em meus olhos. Há uma magia só entendida aos que se atrevem a passar uns tempos por lá. 
Comer em São Tomé, é algo de respeito. Tudo tem um sabor tão mágico que, afirmo,  a gente sofre algum tipo de sortilégio ao experimentar as iguarias do lugar. Pense em um lombo suíno de fazer ajoelhar, um peixe com um molho de palmito, uma salada dos deuses, galinha com ora-pro-nobis, oiro da beira e, ao fundo, a melhor cantoria do mundo. Jamais ouvira tantas boas canções em um só lugar.
O noturno da vida de lá é de busca de clarões no céu, um aperto na erva, uma música sem sentido tocada por uma gente que não se veste, mas usa figurino. No alto da pirâmide- lugar que possui uma energia indescritível- várias pessoas se aninham esperando por algum extra-terrestre, ou sendo elas mesmas seres de outras "dimensiones".
Caminhar por lá é como sair em busca de si mesmo. No caminho colorido e cheio de subidas as nossas injurias são dissipada...deixo mais um pouco do peso. 
Quando finalmente se chega à cachoeira, um mundo de águas rasas nos entorpece. Sou de Oxum com Oxóssi,logo, estava tão emoldurada pelos meus Orixás que fiquei em silêncio nesses lugares que fizeram minha alma gritar por dentro.
Na gruta há uma espécie de condensação que não sei explicar, mas que me fez perder mais um pouco do  peso.
Na ladeira do Amendoim os meninos brincaram e eu ri. Abraçamos Ventania na varanda e Raul achou Adriano esquisito. Somos esquisitos todos nós. Mas não lá. Lá somos iguais. Somos iguais em nossa Krisna dança na sala, no nosso riso farto, no nosso perdão,nas nossa lágrimas,nas nossas buscas e dúvidas. Somos sonhadores em lugar de sonhos, de arte e artesanato, de suco de iogurte com limão, de abraços inesperados. de despertador de maritacas de esperança. Lá o tempo, Carol,passa como se, de fato, 2016 tivesse acabado... Só que não. Fui atropelada por dois golpes ainda lá. Um esvaziei. Tenho essa súbita capacidade de me reinventar.Outro...bem..vou deixando aos poucos pelo caminho. 
Agora, apenas PARE. Vou catar de São Tomé as letras pra gente poder com elas brincar.
PS: Tô quase leve.  



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