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segunda-feira, 5 de março de 2012

DA FESTA DA CARNE








                                                                           

Essa é minha primeira postagem pós carnaval. Tanto já me aconteceu de lá para cá que daria um livro.
Como de costume passei meus dias de "festa da carne" no Rio - cidade que , na minha opinião, tem um carnaval mais verdadeiro. Claro que vi coisas maravilhosas, que sai em blocos nostalgicos, que vi gente mijando na rua, que me embriaguei de saudades e que , felizmente, conheci um monte de gente nova, mas nenhum Pierrot que tirasse essa Colombina do escuro... Fazer o que, ne?
Assisti aqueles desfiles de "um tudo", como dizia a minha vó, com o olhar voltado para a infância onde a chegada do carnaval era aos poucos e as pessoas se vestiam de mascarados sujos com muita clareza nos olhos. Nos rádios tocavam marchinhas e muito samba enredo que eram acompanhados pela felicidade sem tamanho de minha mãe. Ela brilhava com aquelas estrelinhas em volta dos olhos e um vidro de lança perfume nas mãos que lançava nos pescoços dos outros e, vez por outra tombava meio tonta em algum lugar. Eu me ria inteira, enfeitava com qualquer coisa minha cabeça e rezava pra crescer e poder ir aos bailes noturnos nos clubes de minha Sucupira.
Existia uma magia que não vejo mais. Não vejo faz é tempo, mas não queria assumir, não queria perder a festa interior que causa em mim essa brincadeira. Hoje o carnaval é um jogo narcisista, individualista e competitivo. As moçoilas de família vendem a alma para exibirem seus corpões sarados a base de muita bomba e esquecem dos confetes e serpentinas.
Parafraseando Jabor, o carnaval deixou de ser vivido para ser olhado. Isso é verdade, pois nem música de carnaval toca mais - o que ainda encontro em alguns blocos do Rio, graças a Nossa Senhora do Carnaval.
Carnaval sempre foi sexo, não dá pra disfarçar, mas havia uma certa inibição no ar, uma certa fantasia para compor as alas e não perder o enredo, uma determinada harmonia pra não desafinar, saca?
Hoje tá tudo perdido, o carnaval desglamorizado e eu pelas ladeiras tentando ser a essência do carnaval, pode?
Mas valeu. Não dá pra se ter todos os sonhos realizados, mas realizei um. Desfilei na minha escola querida. Vi Cacique de Ramos e a Mangueira num só coração, vi beleza pulsando em todos os cantos da Sapucaí e, vi meus olhos voltados pra minha bandeira branca me fazendo entender que a vida é a arte e que ela existe porque a vida precisa de arremedos pra despertar nossa dança interior.

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