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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A DAMA DO ENCANTADO

                                                       

É ela!! Estou de volta com uma das personagens que mais me instiga. Aracy de Almeida!
Sei que grande maioria desconhece a importância dessa intérprete no cenário musical brasileiro. Aracy sempre foi, para mim, uma mulher de personalidade forte, humor fugaz e uma inteligência singular.
Passei horas hoje rearrumando aquilo que já existia, rascunhado o que falta, reescrevendo textos, relendo o "belo Hermínio" e me travestindo espiritualmente dessa mulher.
"O Bloco Vista Cansada" fará, em breve, duas apresentações no Teatro de Bolso com um show lítero-musical em homenagem a essa destemida senhora.
Sambista carioca de grande projeção na década de 30, um expoente da música popular brasileira. Intérprete das antológicas composições de Noel Rosa, que nela se inspirou ao criar 'Seu Sorriso de Criança' em 1933. Seu amigo pessoal, ele reconhecia na cantora uma perfeita representante de sua obra, tendo sido ela a primeira a gravar 'O X do Problema' e 'Palpite Infeliz', em 1936. Seguiram-se 'Tenha Pena de Mim' em 1938, 'Miau...Miau' e 'Caramurú' em 1939, 'Passarinho do Relógio' em 1940 e 'Passo do Canguru' em 1941. Com uma voz fraca, adequada ao tom intimista de seus sambas, mas que nada tinha a ver com a moda da época, onde brilhavam os cantores de voz potente, Aracy se tornou porta-voz oficial da poesia de Noel nos discos e nos palcos. Combinando emoção e brejeirice, suas interpretações do compositor foram insuperáveis.

Para ela, Ary Barroso fez 'Camisa Amarela'. Aracy Teles de Almeida gravou seu último disco em 1965, de um total de 400 gravações. Nasceu no subúrbio de Encantado, filha de um pastor protestante que era chefe de trens na Central do Brasil, e começou a cantar na Igreja Batista do Méier. Estreou no rádio em 1932, na PRC8. Depois dos primeiros elogios, passou para o programa Francisco Alves, convidada pelo popular cantor. Esteve nas rádios Ipanema, Cruzeiro e na Mayrink Veiga. Em 1935, era fundada a Transmissora e Aracy ingressava em seu elenco. Já então, deixando a Colúmbia, passou a gravar na RCA Victor. Fez sua primeira excursão ao sul do país nessa época, voltando para a Mayrink. Considerada a representante natural do samba, conheceu Noel em 1933 e se tornaram grandes amigos. A partir da década de 70, não mais em evidência e vendo que a MPB tomava outros caminhos, apesar da notável carreira musical que trilhou, abandonou a profissão de cantora e passou a integrar a equipe de jurados do programa Silvio Santos. Usava uma gíria curiosa e essa tornou-se sua principal característica.

Vivia com seus cachorros num casarão no Encantado, o mesmo bairro onde nascera. Trechos de sua entrevista concedida à revista Realidade, de outubro de 1968: 'Uma vez, o Kid Pepe me encostou uma faca deste tamanho na barriga, querendo me obrigar a gravar uma batucada de autoria dele, chamada "O que Tem, Iaiá". E eu gravei, compadre, com a faca na barriga e tudo... O Mario fica doido de raiva quando eu digo, mas a idéia da "Amélia" fui eu quem deu. Um dia, sugeri uma frase, "Amélia é que era mulher de verdade", ao Wilson Batista. Ele disse que andava sem tempo para compor e então o Ataulfo, que estava perto, pediu a frase para o Mario, e o samba foi feito. Tem mais. Dou até o local onde aconteceu: na Leiteria Nevada, ali na rua Bittencourt da Silva. Na esquina ficava o café Nice... Veja. Eu moro lá longe, tenho as minhas cachorrinhas de estimação e não preciso me aborrecer pra trabalhar. Já enjoei de cantar e tem mais: o ambiente não ajuda, e no momento o mingau anda grosso demais... A Marília Batista é uma boa intérprete, meu filho. Mas claro. O que tem o seguinte: quem é que sabe, hoje em dia, onde está Marilia Batista?... Solteira, sim. até hoje. Acho esse babado de casamento uma onda bastante enrolada. No começo, são flores e mais flores. Depois, pedras e espinhos. É a rotina, não é, filhinho? Todo o dia a mesma toalha, o mesmo sabonete. É fogo. Além do que, esse assunto é maçante. Vamos deixar para o próximo número'. Aracy morreu aos 73 anos, em 22 de junho de 1988. 
Com causos, harmonia e cantoria faremos a nossa apresentação.
Agradeço ,desde já, ao Conselho Municipal de Cultura por nos confiar essa ousadia.
Simbora cantar!

                     

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