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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

NÃO FOSSE ISSO E ERA TANTO,NÃO FOSSE TANTO E ERA QUASE

Há certos dias em que o sol parece ter despertado para nos tornar lentos, aposto que a vida transcorre para alguns como se fosse uma brisa. De ontem para hoje várias coisas fervilham em meu interior, os fatos parecem não estabelecer contato algum entre eles e eu fico meio que sem saber como, ou o que acontece realmente. As palavras, todas, surgem em meu contexto de forma desconexa, como essas que por ora escrevo. Tudo em mim está meio desordenado...não sei se nunca soube ou se desaprendi a me entregar, não sei se é uma espécie de exercício que só acontece na despretensão, não sei se há momentos em que o outro transpira , desorientado, odores de "não se meta comigo e se o fizer...tome cuidado". Não sei um monte de coisas ou não me eduquei o suficiente para sabê-las, mas alguma coisa me incomoda e eu não consigo falar disso. Sou desconfiada- sempre escrevo essa frase- acho que por trás da maioria das manifestações existe uma necessidade de autopromoção e uma certa periculosidade em torno de quem foi atingido e daquele que quer revidar. Estamos vivendo um instante em que "achismos" opniões ou sei lá o que não podem ser publicadas,um instante em que um infeliz comentário leva para guilhotina um ser que, sem duvida, é tão desprezível que, certamente, nada sabe sobre inquisição, sequelas de séculos de tortura e/ou maldade extrema. Tudo é rotulado, tudo é medido, tudo é  necessáriamente explicitado. Até o "Eu te amo" pode ser violado e trasformado em seu cárcere.Cuidado! Temos que ter cuidado ao escrever, temos que ter cuidado ao criticar, temos que aprender a defender nosso pensamento e não transformá-lo em algo que possa se voltar contra nós.
Assisto todos os dias pessoas bossais, racistas, preconceituosas manifestarem sua indignação a respeito do racismo, do preconceito e de bossalidades, assisto também, essas mesmas pessoas, elegantemente, cometerem o mesmo pecado. Nada tenho contra aquele que levanta a bandeira do "me sinto profundamente ofendido", tudo tenho contra a quem não sabe o que diz, mas tenho mais pena que indignação. Tenho pena porque gente preconceituosa desconhece a sinceridade, não trabalha os afetos, não devora um livro, não ama livremente. Gente preconceituosa luta por cotas e não por conhecimento, luta por igualdade , mas não por entendimento, luta pelo que lhe foi negado, quando desde há muito, colocaram em salas de aulas pessoas para dar aos seus filhos o que eles já não mais recebem em casa que é berço , lutam por direitos e não deveres, por bolsas e não por um salário respeitoso  aos vários cidadãos das mais variadas profissões e, enfim não lutam por  mais referências para a construção de um mundo mais justo e melhor.
 Gente preconceituosa também é aquela que de tudo reclama, que proclama uma dor não sentida.
Sou negra, tenho mais de 40 anos, conheci gente que levou porrada por tudo, inclusive por ser gente, mas infelizmente, conheci também quem porrava, quem batia primeiro para perguntar depois, uma humanidade desumana que ainda rotula os"pretinhos" e abre a bocarra pra dizer "deveria estar no tronco". O problema é que, em alguns casos, muitos de nós não saimos de lá, muitos , ainda, somos açoitados pelo desgoverno que abandona periferia afora os negros que resistem numa miserável condição. Me desculpem os militantes, os ativistas , os ditos pacifistas, mas preconceituosa também é uma corja que, sentada em suas salas, no conforto de um gabinete, continuam , dia após dia assinando leis que torturam os mesmos negros que, quando se faz conveniente, defendem. Bonito, bonito de verdade será poder ver a minha gente não ser defendida, apenas, pela cor de sua pele, mas pelo tanto que fez e faz servindo ao mesmo Brasil. Bonito, bonito mesmo é dar a eles condições de defesa, não pra se ter mérito ,mas por sabê-los imbuídos no processo político, nunca mais como vítimas ,mas como uma classe que teve a oportunidade de ter direitos respeitados, de manifestar o que sente, que não tem seus votos comprados, ou trocados pelo que comer, que aprendeu o que lhes é justo, mas lhe foi violado. Bonito, bonito mesmo é num país miscigenado, nunca mais ser rotulado de mulato no sentido parco da palavra e deixar claro que todos somos, na alma, embora muitos discordem...refinados, lindos e essenciamente necessários, como deveria ser qualquer ser que são- quanto  condição de espécie humana- iguais.

                                                           

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