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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

AINDA SOU UM MISTÉRIO PARA MIM

                                                                   
                                                                           
Aprendi a lidar com a morte depois de anos de minha existência. Acho que depois que comecei a entender que alma e corpo são de durações diferentes e que a primeira é eterna. Dizem que acreditar na reencarnação é um tipo de ideologia que consola, mas não vejo assim. Preciso muito de amparo quando alguém, que é meu, faz a passagem , o ritual da vida, a libertação. Preciso de afeto e amparo porque me morro também em cada um que se vai. Sinto como se parte de minha história, que foi vivida e não apenas contada , fosse aos poucos emudecendo e tornando vento que depois vira esquecimento.
A lista de meus mortos está crescendo em demasia nos últimos tempos. Antes , quando pequena , lutava para que alguém , que me dizia "não" e me educava com pulso de família, morresse... e eles nem morriam. Hoje os quero sentados em calçadas, admirando o novo instante e eles estão velhos e eu não os vivi como deveria, não os perdoei como me ensinaram, não os amei publicamente tentando imitá-los em sua arrogância banal.
Lá se foi, hoje, pra terra do nunca, mais um de minha estirpe, mais um de meu laço....mais um.
Perdi amigos que me fazem muita falta. Lembro deles com alegria , todos os dias. De Laís e Modesa resta uma saudade da risada gorda e das conversas infinitas. De Edu fica a saudade do amor que aprendemos a amar juntos. De tio Pedro, Marizo, Magaly e Lúcia todas as incapacidades de sermos explícitos, a religiosidade e as mentiras sadias -tipo histórias fantasiosas- que contavam. Sinto saudades tantas e de tantos que escrever me turva "as vistas", como dizia minha vó, de quem sinto, também, muitas saudades. De tia Iracy guardo o docíssimo bem querer e o olhar de quem está no mundo pronta pra tudo. De tia Seila a infantilidade e o desprendimento. De Neném a fala atropelada e a curiosidade...meu bau tá cheio e deverá guardar muitas recordações, ainda. Contra minha vontade, acredite.
Queria viver 99 anos só pra morrer antes de todos que amo, e que viverão até 100.
Queria saber quem escolhe a hora de voltar. Queria não ter aos quase 50 as mesmas dúvidas e os mesmos questionamentos a respeito da vida e da vida de  depois da vida. Fácil deve ser para os ateus, ou não? Deve existir neles uma angústia do nada, sei lá.
Preciso confiar que viver é pra ser divertido, é pra se adquirir conhecimento, é pra deixar saudades...é pra rir, chorar, amar , brincar e ter medo, mas acima de tudo, viver. Viver é pra viver e pronto.
Preciso aprender a ter mais placidez diante do inevitável, e quero muito, muito e muito jamais deixar de ser o que sou, jamais me esquivar dos meus sentimentos e não me desesperar por ver mais uma bola do fim de festa ser estourada em minha cara. Não sei - ao certo- pra onde vão os que amo, mas Deus com certeza ri, pois é o único que, certamente, sabe. - Como disse o poeta-.
Então...até um dia!

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