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terça-feira, 20 de março de 2012

PRA BOI DORMIR/ DASÉRIE ELE É MILITAR

                                                                                                                                                 
Na semana passada, depois de uma noite febril entre amantes, arrumei minha necessaire e parti para o Rio. Sempre que pressinto o fim quando não estou preparada para ele, fujo. Na fuga encontro pedaços de mim soltos no ar, saudades fáceis e um encontro ali outro acolá. Precisava ficar comigo, precisava de um ar de menos ironia, precisava chorar longe daqui, onde a vida nos brinda com outro sentido.
Atravessei uma tarde inteira em uma livraria no bairro de  Botafogo. Livraria no Rio é especialmente sedutora e te incentiva a leitura de livros que não temos muitas possibilidades de comprar. Enquanto lia, relia minha vida e tentava passar a limpo um tempo que  vai por dentro de mim e que foi ontem.
Procuro sábias palavras para uma decisão que se apresentava tomada. Detesto despedidas, detesto que me imponham algo que não ensaiei para viver, não entendo muito de rejeição e fico com o nervo exposto quando o outro me trata assim. não consigo entender, sobretudo, quando elegantemente ele diz- o problema não é com você, é comigo- Perguntei nada... e lá vem a desculpa pior do mundo para  o que é óbvio... Pessoas se interessam em tempos diferentes. Só com o tempo é que elas entendem como funciona a mente, a libido, a educação e o transe do outro. Quando estamos apaixonados é diferente de encantados que é diferente de ecxitados ,que é diferente de eufórico.
Eu estava encantada e ele parecia estar assim também, mas de um dia pro outro as coisas pareciam sair do eixo, talvez por saber-se partindo, talvez por ter sido apenas aquilo, talvez por nada. Mas a partida do outro, de um tempo diferente do nosso, é assassinato. Não , não é assalto. Nos pega de assalto e nos desestabiliza, pois nas relações tudo é imprevisível.
Hoje vou me acostumando com a ausência do outro. Uma ausência tão repetitiva, tão igual, tão cheia de desculpas. A dor de dentro é ruim, mas a física é dilacerante, "corta como um aço de navaia". Sinto falta dos abraços,dos beijos demorados, das mãos dadas, do corpo ocupando o mesmo lugar no universo, da descoberta de que isso é possível quando dentro um do outro. Sinto falta dos dedos, dos olhos, do olhar ,do riso e de da voz que descansava palavras e músicas em meus ouvidos. Sinto falta de mim.
Olho para trás, pra distância que poucos dias causam e percebo que me despedi de mim e não de você. Arrematei o nosso encontro num pacto que é muito perigoso, pois estamos desconfiados demais do mundo e isso torna o outro individualista e só.
Há um tempo para tudo. Para o encontro e para o atropelo. Não acredito que seja de tudo assim , mas no todo não há pior explicação pro que não aconteceu do que assumir uma culpa do que não é pecado, pois não estar para o outro - disponível de amor- como ele está pra você é tão provavél e aceitável quanto ignorar. O resto é conversa pra boi dormir.

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