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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

QUE TAL UM SALTO!

                                                           
Tenho a estranha mania de ficar procurando causos por onde passo. Às vezes estou dentro de um ônibus e me quieto para escutar as conversas que giram ao meu redor. Pois ontem me aconteceu algo diferente e talvez surpreendente em um mundo que parece dar pouca atenção ao olhar. Andava pela rua e atrás de mim caminhavam dois jovens rapazinhos. Em determinado momento um pergunta ao outro:-"E aí, mano, como estão as coisas com ela?-" "- Cara, você não vai acreditar....quebrou o gelo. Acabou aquele ar de superioridade. Ela me mandou uma mensagem de madrugada dizendo que estava feliz pelos dois meses de namoro e que estava muito encantada com tudo! nem consegui dormir. Agora vou esperar sair o dinheiro do show do SESC e comprarei um presente pra ela.-"
Bastou. Não precisava ouvir mais nada para saber que o rapaz fora tocado por uma paixão, por uma espécie de festa que só acontece a quem não foge dos precipícios e não tem medo de saltar. Minha alma ficou alvoroçada, pois ouvir o relato, sem medo, de um menino com outro, na rua, é simplismente saboroso, é poder acreditar, novamente, que há em toda a gente a vontade de estar junto, de agradar, de ser "fofo". Tive uma intervenção no meu olhar que já estava acostumado a não ver nada de tão poético e natural. Há poesia nisso que assisti. Há uma coisa meio heróica também, pois nesses dias em que se manifestar amorosamente é piegas, ouvi um menino dizendo, no meio da rua um, quase, euteamo- junto mesmo.
Depois voltei um tantinho ao tempo e me lembrei da passagem que ele diz:"sair o dinheiro do show..." Artista! Tinha que ser! A emoção é outra! Gente desse time joga de verdade, não se esconde covardemente, não tortura, não denigre. Gente assim respeita, e muito, a decisão alheia, não invade, deixa que percebam suas crenças, descrenças, indecisões e tudo que as empurra ou paralisa. Gente que é artista é verborragica, é confessional, é mais autêntica. Ele é!
Depois disso fui brindar comigo. Entrei em um bar suspeito e fiquei a chorar de amor, vasculhar frestas, entorpecer-me de àgua. Nos últimos dias tenho me conhecido melhor, e acabei descobrindo que, à revelia de alguns, gosto de quem sou, e por isso volto pra mim com algo novidadeiro, com sentidos mais alertas, e com uma leve sensação de que já fui tarde, mas só volto porque fui.
Onde eu quero chegar com isso? No menino que despertou meus ouvidos e meu olhar, que me acumulou de poesia e me fez ter uma vontade enorme de, sem medo, ter o mesmo precipício que ele, e saltar junto. Que tal?

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