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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

IMPRESSÕES



                                                                        
                                                        
Quando meu homem me pega por trás
E cheio de crimes revira minha cabeça
Vejo em seus olhos a inquietação
De suas histórias
Histórias que devem ter cercas
Devem ter se enfiado em buracos
Transformado o óbvio em superstições
Meu homem sabe do desejo
Sabe o que é paixão irrefreável e assim
Me pega de lado
E meus olhos é que  reviram afobados
Sabe que por ser de peixes
Me mergulha inteira e me molha
Sou curiosa de suas intimidades
E , dessa forma, vou usando de artimanhas
Solto fogos de artifícios e não indago coisa sequer
Vou nos criando novos na nudez de nossos atos
Quando ele me atravessa o corpo
Convivo com o perigo de enlouquecer
Mas me torno uma visitante de mim mesma
Construo pontes, edifícios,
 Cidades inteiras dentro de mim
Para que ele possa, de vez em quando, me habitar
Deixo escadas de serviço sempre à vista
-Caso ele caia sem aviso-
Para que escorregue ainda em mim
E entenda que não há risco em se deixar flutuar
Trago nos olhos e na púbis uma umidade latina
Que se arvora quando ele me encara
E minha boca revira sua língua e eu me deixo
Encharcar de forma indecifrável
A alma do meu homem, embora ele não saiba,
É revestida de um feminino velado
Tem choro, tem jura, tem fotos,
tem medo, tem carência, tem impulsos.
Dizem que ele “não presta” e que me falta juízo
Pra aceitar esse improviso ou essa situação.
 Somos donos de tantas viagens, tanta viradas,
Tantas falas, tantos gozos.
Em nossas horas já contamos sinuca, besteira,
Orgulho, churrasco, família, filhos, esquinas,
Fé, religião, força de Ogum e maturação.
Já nos doamos tanto, já nos permitimos tanto
Que do meu homem vou herdando o pouco sono
A safadeza, a esfregação e o silêncio.
Do meu homem vou herdando a depuração,
A lisura, o desconhecido e me faço travessia
Pra ele se perder no meu abraço,
Para não me negar amasso,
Pra ele me tirar da solidão.

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